Formas de inovar e ferramentas para deixar as vendas mais atraentes foram assuntos debatidos no II Congresso de Tecnologia para o Varejo – Tendências e Insights para o futuro
Verônica Almeida
É comum em farmácias o consumidor receber agora uma folhinha no balcão com a lista de promoções em seu nome. Chegam também mensagens por SMS, no WhatsApp ou caixa de e-mail, informando que há descontos exclusivos aguardando a sua visita à loja. Vivemos a era da comunicação digital. Além das compras tradicionais pela internet, também há outros canais de aproximação entre o comércio e o cliente. Comprar com desconto nos supermercados, por exemplo, passou a ser bem mais fácil para quem baixa o aplicativo no celular, seleciona o que vai adquirir e depois enche o carrinho de artigos que são vendidos com preço mais atraente para aquele cliente específico, já previamente cadastrado.
No planeta digital, a fidelização da clientela em diferentes mercados nunca esteve tão em alta. A tecnologia vem ajudar nessa aproximação entre quem quer comprar e quem está disponível para vender. “Surge como uma mola propulsora para o varejo, que por meio dela pode acessar mercados antes não procurados, novos nichos e grupos de cliente”, avalia Henrique Vietez, analista do Sebrae em Pernambuco, com MBA em gestão empresarial e gestão industrial. “A tecnologia entra para alterar processos, muitas vezes, produtos de acordo com cada grupo de cliente”, acrescenta.
O II Congresso de Tecnologia para o Varejo – Tendências e Insights para o futuro, realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviço e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio) e o Sebrae, em novembro, no Recife, tratou do assunto. O evento, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e apoio da Associação Brasileira de Franchising (ABF), reuniu cerca de 600 empreendedores e candidatos a ter o próprio negócio. Eles acompanharam dois dias de palestras, ouvindo orientação de especialistas e impressões de quem já empreende há tempo. O uso da tecnologia para tornar as vendas mais atraentes foi um ponto importante da discussão.
Com o novo suporte, as empresas passam a agregar serviços. “Não é o preço que atrai o cliente, mas sim o atendimento e os serviços oferecidos em conjunto, com consequente agregação de valor à marca”, explica Vietez. Em tempo de crise, o empreendedor não precisa temer o poder de compra aparentemente em baixa. O foco ou a chave do sucesso é fidelizar, resolver os problemas do cliente, coisa que a tecnologia ajuda a fazer muito bem, pela rapidez, alcance e ter se tornado uma ferramenta do cotidiano.
“O cliente hoje quer ser chamado pelo nome, que alguém se lembre do aniversário dele e mande uma mensagem. Enfim, nos dias de hoje, em que temos vários amigos em muitas plataformas o que faz a diferença é a presença”, destaca Vietez. Por isso, a dica é estar presente nas redes sociais. Quando bem empregadas, as mídias digitais e sociais são o melhor plano de comunicação que o empresário precisa, afirma o analista do Sebrae. Ele lembra, entretanto, cuidados com a linguagem, que sempre deve se referir ao coletivo, ser coerente e respeitosa, com uso de “Sr.” e “Sra” nas formas de tratamento. É preciso estar preparado para todo tipo de cliente. Dúvidas, sugestões e reclamações devem ser tratadas de forma e com postura profissionais, lembra. Outro cuidado fundamental é só acessar as mídias quando a empresa está organizada. “Uma empresa que não está alinhada pode sofrer muito e até perder credibilidade”.
Para quem deseja iniciar-se no empreendedorismo, a primeira dica, no atual cenário e sempre, é planejar bem, estudar o futuro empreendimento. Tudo começa com a análise das habilidades pessoais e das que o negócio exige.
Especialistas e experientes empreendedores que palestraram no congresso reforçaram que o foco no público deve estar em todas as fases de organização e execução das vendas. Pesquisar o que
a clientela mais procura e expor de forma mais atrativa os artigos prediletos foram algumas das dicas repassadas por exemplo, por Fred Rocha, especialista em varejo e consumo, que falou sobre tendências e insights.
“Os clientes precisam de um bom atendimento seja pessoalmente, por telefone ou pelas redes sociais. Nunca deixe um e-mail, mensagem ou comentário sem resposta!”, lembra Brena Castelo Branco, diretora executiva do Instituto Fecomércio. Portanto, empreendedor, preste atenção ao que o consumidor publica no perfil da empresa.
Outro ponto destacado foi o investimento em pessoas. “Os vendedores devem ser os que mais entendem dos produtos da empresa e dos clientes. Precisam estar bem capacitados e motivados para o negócio prosperar”, observa Brena.
O congresso trouxe ainda informações econômicas, discutiu o futuro do varejo em shoppings, o comércio eletrônico propriamente. “Foi uma grande troca de experiências e de soluções, contribuindo para implantação de inovação, com foco nas tendências, pessoas, tecnologia e oportunidades de mercado”, afirma Brena. E o objetivo alcançado, segundo ela, foi justamente o despertar no empreendedor a necessidade de inovar e disseminar novas oportunidades de negócios. Para isso, nos últimos anos, a Fecomércio vem realizando, em parceria com o Sebrae, inúmeras ações focadas no fortalecimento da cultura empreendedora e desenvolvimento da micro e pequena empresa. O trabalho conjunto possibilita estudos, pesquisas e disseminação de informações que trazem subsídios para o crescimento e sustentabilidade desse segmento.
“A parceria tem sido essencial para reverter as tendências que se apresentaram nos últimos anos no cenário econômico brasileiro e impactaram de maneira significativa setores importantes como o de comércio e o de serviço, tornando o ambiente de negócios adverso e com grande necessidade de promoção de ações que apontem cenários e expectativas para os empresários do nosso Estado”, afirma Brena. Os empreendedores deverão estar atentos não apenas às configurações da economia, mas principalmente a inovações e tecnologias que possam alavancar os resultados para o comércio, serviço e turismo.
O primeiro dia do congresso, realizado no Recife Mar Hotel, foi dedicado ao mercado de franquias, área em expansão no Estado, que vem atraindo bons investimentos nos últimos anos, principalmente de pessoas que se aposentaram ou perderam o emprego. Entender o que é e como funciona este mercado foi a proposta, e o público ainda conheceu seis exemplos de franquias que se consolidaram como boas oportunidades de negócios para o Estado.
O evento teve a participação de empreendedores como Robinson Shiba, fundador da China in Box e participante do programa Shark Tank, que ministrou a palestra “Acredite em você sempre” e de Eliana Pita, gerente geral de RH da Le Petiche. O presidente do Sistema Fecomércio, Josias Albuquerque, destacou a importância de manter os empresários do setor atualizados, “preparados da melhor forma para o mercado, contribuindo para que o varejo e o comércio estejam cada vez mais eficientes”.
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