Por Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE (rafael.ramos@fecomercio-pe.com)
A inflação da Região Metropolitana do Recife (RMR), medida através do IPCA pelo IBGE, mostrou desaceleração, no quinto mês do ano, mas ainda continua apresentando pressão em alguns preços. A taxa saiu de 0,59%, em abril, para 0,33%, em maio – o valor é inferior aos resultados do mesmo período dos últimos dois anos, o que pode indicar um início de normalização dos preços. É importante destacar que, no mesmo mês de 2018, a inflação alcançou 0,75% devido à greve dos caminhoneiros, que criou um choque na oferta dos produtos, nos últimos dez dias de maio, além de contaminar o mês seguinte, já em 2017 os preços foram puxados por reajustes de serviços, em especial o de energia elétrica. Este ano, o mês não apresentou nenhum acontecimento atípico que pudesse pressionar os preços seja para cima ou para baixo, mesmo assim o valor é considerado alto, visto que o cenário econômico atual ainda é de nível de consumo modesto.
O mercado de trabalho ainda muito deteriorado no Estado é um dos principais motivos para que a inflação na RMR não esteja com pressão significativa, visto que alguns acontecimentos que podem elevar o nível de preços de alguns grupos tem sido amenizado pela fraca demanda por outros produtos, o que acaba não permitindo reajustes que venham influenciar a inflação de maneira geral. A proporção de desempregado ainda é muito elevada, ficando em quinto lugar no país, atrás apenas do Amapá (20,2%), Bahia (18,3%), Acre (18,0%) e Maranhão (16,3%). A falta de empregos atinge 678 mil pessoas em Pernambuco, 30 mil a mais que no trimestre anterior e 65 mil a menos que no mesmo trimestre do ano anterior. Além disso, o saldo de emprego formal continua negativo, com menos 25 mil empregos entre janeiro e abril, limitando ainda mais a renda de grande parte das famílias. Toda essa conjuntura limita a capacidade de compras da população através da redução da renda e da confiança das famílias.
É importante frisar que a inflação ainda não conseguiu responder às política de recuos na taxa de juros realizada pelo Banco Central, visto que ainda não se verificou recuperação no percentual de investimentos do setor produtivo, tão pouco de consumo das famílias. Já se criou uma expectativa de que diante de uma economia ainda em marcha lenta, apresentando sinais mais fracos do que o projetado para a sua recuperação, de que o Banco Central volte a reduzir a taxa ainda em 2019, atingindo 6,25% ao ano.
O resultado de maio de 2019 está concentrado em praticamente dois grupos, o primeiro é o de “Habitação”, que variou 1,57% ante 0,62% do mês anterior, praticamente dobrando os reajustes em apenas 30 dias. Os itens deste grupo que mais apresentaram pressão foram a energia elétrica residencial e o gás de botijão, que mostram alta de 5,37% e 1,97%, respectivamente. A segunda maior contribuição ficou com “Transportes”, com alta de 1,27% ante 1,10% de abril. Os impactos vieram da elevação no preço do etanol e da gasolina, com alta de 7,28% e 4,98%, respectivamente. É importante destacar também que o grupo vem recebendo menos impacto do item passagem aérea, que em maio mostrou redução de 19,42% no preço médio. Os demais grupos que apresentaram variação positiva contribuíram de maneira modesta para a formação geral da taxa de inflação da RMR. Na outra ponta e com variação negativa, ficaram “Alimentação e bebidas”, “Despesas pessoais”, “Comunicação” e “Educação”, amenizando assim a brusca elevação dos preços em habitação e transportes.
No acumulado do ano, janeiro a maio, a taxa em 2019 alcançou os 2,63%, muito superior ao mesmo período do ano anterior, quando o IPCA da RMR nos cinco primeiros meses do ano era de apenas 1,07%. É importante destacar que os grupos que mais contribuíram para este resultado foram “Alimentação e bebidas” e “Transportes” e “Educação”. Em 12 meses, o índice mostrou uma desaceleração, saindo de 4,86% para 4,42%, deixando o IPCA da Região Metropolitana do Recife novamente abaixo dos 4,5%.
Os cinco produtos com maior variação positiva em maio de 2019 para a RMR foram a melancia (15,59%), banana-da-terra (11,94%), chocolate em barra e bombom (10,06%), etanol (7,28) e os artigos de maquiagem (6,45%). Na outra ponta, os produtos que tiveram o preço apresentando variação negativa foram a passagem aérea (-19,42%), batata-inglesa (-18,32%), feijão-carioca (-16,66%), coentro (-14,02%) e inhame (-12,79%).
O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980 e se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande e de Brasília.
Referências:
ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO – IPCA – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE.
GERÊNCIA DE INVESTIMENTOS/BANCO CENTRAL DO BRASIL. Focus – Relatório de Mercado.
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