Por Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE (rafael.ramos@fecomercio-pe.com)
A inflação da Região Metropolitana do Recife (RMR), medida através do IPCA pelo IBGE, voltou a acelerar, no segundo mês do ano, e desta vez de maneira mais forte. A taxa saiu de 0,27% em janeiro para 0,59% em fevereiro, o valor também supera os resultados de fevereiro dos últimos dois anos, o que reflete uma dinâmica de maiores reajustes nos preços dos itens para a região. A variação positiva é um resultado das correções de grande parte dos serviços educacionais aliado a um choque na oferta de alguns alimentos.
Outro detalhe importante é que o mercado de trabalho pernambucano ainda não se recuperou a ponto de mostrar pressão inflacionária via demanda, já que a taxa de desemprego ainda se encontra elevada, o que consegue amenizar as altas dos preços do lado da oferta. Vale destacar também que as expectativas do “mercado” em relação à inflação ainda sugerem um ano tranquilo, pois a projeção no Relatório Focus permanece com uma inflação abaixo da meta de 4,05% ao ano.
Outro detalhe importante é que, no próximo mês, o índice da RMR irá incorporar a alta das passagens de ônibus urbano, que apresentaram reajuste aproximado de 7,0%, o que causará uma pressão no grupo transporte e já trará uma perspectiva de manutenção da pressão verificada nos dois primeiros meses.
O grupo que mais pressionou o índice, em fevereiro, apesar da desaceleração em relação a janeiro, foi novamente o de “Alimentação e Bebidas”, com alta de 1,01%, ante alta de 1,77% no mês anterior. Os itens com os maiores reajustes foram o feijão-mulatinho (20,8%), feijão-carioca (54,0%), o coentro (19,4%) e a batata-inglesa (20,3%). Os itens são de natureza de preço livre, ou seja, respondem às variações de oferta e demanda, e estão refletindo choques de oferta, geralmente ocasionados por questões climáticas que acabam comprometendo a produção.
A segunda maior contribuição para a taxa geral da inflação na RMR ficou com o grupo “Educação”, que tem a questão sazonal do início do ano, justamente porque é o período onde os reajustes são feitos nos valores das mensalidades e matrículas, utilizando-se da inflação dos 12 meses de 2018, que é divulgada em janeiro. Na outra ponta, os grupos que mostraram variação negativa e contribuíram para que a inflação não fosse ainda mais alta foram “Habitação”, “Artigos de Residência”, “Transportes” e “Despesas pessoais”. De maneira geral, os itens destes quatro grupos mostraram reajustes de preço para baixo, amenizando a alta dos preços nos dois grupos anteriores, como as variações negativas no preço do botijão de gás, dos móveis, da gasolina e dos serviços de estética.
No indicador que acompanha a variação dos preços em 12 meses, verifica-se a terceira elevação consecutiva, saindo de 2,8% em dezembro de 2018 para 3,4% em fevereiro de 2019. A inflação da RMR ainda se encontra abaixo da brasileira, mas vem acelerando de maneira bem mais rápida, podendo, nos próximos meses, superar a média nacional em caso de continuidade de reajustes mais agressivos dos preços na região. O início de 2019 já acumula inflação de 0,86%, bem superior aos anos de 2017 e 2016, que acumulavam altas de 0,30% e 0,57%, respectivamente, acendendo uma luz amarela para o comportamento dos preços.
Os cinco produtos com as menores variações, em fevereiro de 2019, para a RMR foram a passagem aérea (-13,71%), o peixe-castanha (-6,92%), o frango-inteiro (-6,68%), o contrafilé (-5,86%) e a uva (-4,69%). Na outra ponta, os produtos que tiveram os preços apresentando variação positiva acentuada foram o feijão-carioca (54,05%), a banana-prata (21,97%), o feijão-mulatinho(20,81%), a batata-inglesa (20,34%) e o coentro (19,42%).
O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980 e se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande e de Brasília.
Referências: GERÊNCIA DE INVESTIMENTOS/BANCO CENTRAL DO BRASIL. Focus – Relatório de Mercado
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