Confederação inicia campanha nacional para chamar atenção da necessidade de que País realize reforma administrativa
Um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revela que o crescimento descontrolado da dívida pública terá, nos próximos 50 anos, impactos profundos no Produto Interno Bruto (PIB) e, consequentemente, na saúde financeira das empresas brasileiras. Segundo a pesquisa (disponível aqui), para cada ponto percentual (1 p.p.) de aumento na dívida pública em relação ao PIB, o Brasil perde cerca de R$ 1,3 bilhão ao ano, o que reduz a capacidade de investimentos do setor privado, eleva o custo do crédito e compromete a competitividade do país. A CNC alerta que, sem medidas estruturais, como a reforma administrativa, o prejuízo acumulado poderá ultrapassar R$ 1,375 trilhão em meio século, colocando em risco a sustentabilidade de muitos negócios.
No âmbito pernambucano, os dados da Secretaria da Fazenda do Estado de Pernambuco indicam que a maioria das despesas do Governo estão concentrados em gastos com pessoal, encargos e outras despesas correntes, enquanto os investimentos representam aproximadamente 6% dos gastos com pessoal e encargos.
Abaixo, segue a tabela com as despesas do Estado de Pernambuco em 2023.
Estado / Despesas / Discriminação | 2023 (valor em Reais a preços correntes) |
Pernambuco | 48.872.197.159,80 |
Despesas correntes | 46.124.466.506,43 |
Pessoal e encargos | 23.992.274.768,36 |
Juros e encargos da dívida | 978.134.235,13 |
Outras despesas correntes | 21.154.057.502,94 |
Despesas de capital | 2.747.730.653,37 |
Investimentos | 1.443.793.992,59 |
Inversões financeiras | 245.893.832,44 |
Amortização da dívida pública | 1.058.042.828,34 |
Fonte: Secretaria da Fazenda, Balanço Geral do Estado
“As despesas públicas de Pernambuco, que somaram R$ 48,87 bilhões em 2023, refletem uma estrutura de gastos ainda concentrada em despesas correntes, especialmente com pessoal e encargos. Esses gastos, que totalizaram R$ 46,12 bilhões, ou 94,4% do orçamento, restringem a capacidade do Estado de realizar novos investimentos. O estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) reforça a urgência de uma Reforma Administrativa para melhorar a alocação dos recursos públicos e promover uma gestão fiscal mais eficiente. O avanço das despesas obrigatórias tem reduzido a margem para investimentos em capital fixo, importante para o desenvolvimento econômico e social do estado. A implementação da Reforma Administrativa trará maior previsibilidade às finanças públicas e garantirá uma forma de financiar as despesas, sem recorrer ao aumento de impostos, ao mesmo tempo em que melhora a qualidade dos serviços prestados ao contribuinte”, afirma o presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac PE, Bernardo Peixoto.
Dados nacionais
O Brasil experimentou um crescimento de 84% na última década, com uma taxa média de 7% ao ano. No entanto, o aumento significativo dos gastos públicos, que cresceram a uma taxa média de 53% ao ano nos últimos 20 anos, contrasta com uma ampliação de apenas 35% nas receitas. Essa discrepância tem alimentado déficits consecutivos, forçando o governo a buscar mais endividamento e pressionando o setor produtivo com juros elevados e uma carga tributária crescente.
A CNC lançou, neste domingo (29 de setembro), uma campanha, veiculada na TV aberta e fechada, bem como nas redes sociais da Confederação, que chama a atenção para a necessidade de reduzir a dívida pública para garantir que o País se desenvolva. Mais informações, incluindo o estudo completo, estão no site portaldocomercio.org.br/reforma-administrativa.
Impactos negativos na competitividade empresarial e a necessidade de reforma
A CNC projeta que a reforma administrativa poderia gerar uma economia de R$ 330 bilhões em dez anos, além de atrair novos investimentos por meio de privatizações e concessões. A falta de uma solução, no entanto, implicaria mais perdas para o setor empresarial. Cada 10 p.p. de aumento na dívida pública resulta numa queda de 0,12 p.p. no crescimento econômico anual, comprometendo tanto o desempenho das empresas quanto sua capacidade de inovar e competir globalmente. O documento também destaca a importância de corrigir a distorção na alocação de gastos públicos, especialmente na educação, onde o Brasil investe mais por aluno no ensino superior do que no ensino fundamental, o que contribui para um desempenho insatisfatório em testes internacionais como o PISA.
“O empresariado será o mais prejudicado se não houver uma solução imediata para a questão fiscal, pois a deterioração econômica eleva o risco-país, inibe novos negócios e afasta investidores”, avalia o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.