Por Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE (rafael.ramos@fecomercio-pe.com)
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) de Pernambuco, que mede a percepção que os empresários do comércio têm sobre o nível atual e futuro de propensão a investir em curto e médio prazo, mostrou variação mensal negativa de -2,4%, saindo de 115,2 para 112,5 pontos. Esta é a segunda queda consecutiva na confiança do setor produtivo, que retorna aos níveis de confiança de novembro de 2018, primeiro mês pós eleição presidencial. A deterioração das expectativas refletem o atual cenário de fraco movimento de criação de políticas públicas federais, em especial, aquelas voltadas a minimizar os impactos ainda negativos da crise recente.
A pauta principal ainda é a aprovação da Reforma da Previdência, porém sem sinalização de outras ações que podem correr por fora e contribuir para o crescimento econômico – caso a reforma venha a ser desidratada. Além disso, constantes desentendimentos entre Governo e Congresso adiam ainda mais ações importantes que amenizariam a atual situação de desaquecimento. Já existe uma expectativa de que o PIB do primeiro trimestre venha com um recuo, o que confirmaria o período de dificuldades da economia.
O primeiro trimestre de 2019 também trouxe uma dura realidade, a economia ainda mostra sinais de desaquecimento, não conseguindo assim engatar um movimento contínuo do retorno do consumo e investimento. A conjuntura também não é propícia à melhoria do mercado de trabalho, em Pernambuco a taxa de desemprego voltou a subir, no primeiro trimestre do ano, e projeta mais de 650 mil de desocupados, o que também impacta a confiança do empresário do comércio. O mês de maio, assim como abril, continua vivenciando um cenário externo adverso, seja na América Latina ou na guerra comercial entre os EUA e a China. Apesar da queda, é importante destacar que a confiança do empresário no Estado ainda continua na zona de avaliação positiva, acima dos 100 pontos, o que sinaliza uma aprovação, em relação ao Governo, na condução da política econômica atual.
O sub-índice que mais contribuiu para a queda, em maio, foi novamente a avaliação dos empresários em relação às condições atuais da economia, que apresentou com recuo de -8,5%. Para a maioria, o cenário atual da economia continua apresentando piora, apesar de estar melhor do que no mesmo período de 2018, sendo ainda um reflexo da demora na resposta de importantes variáveis como o desemprego, câmbio, produção e vendas. Outros fatores importantes também pesaram na má avaliação, como a situação do comércio pernambucano, que voltou a mostrar dificuldades, alternando entre resultados positivos e negativos, além da redução da expectativa de melhora na economia brasileira no longo prazo, com influência direta da demora da aprovação de políticas com poder de amenizar o quadro fiscal do setor público.
Na outra ponta, apenas o indicador de contratação de funcionários mostrou variação mensal positiva, o que já seria esperado, pois o mês possui a comemoração do Dia das Mães, que é a segunda data mais importante em volume de vendas para o Varejo, que apesar de não ter conseguido segurar o recuo da confiança, amenizou a queda com a melhora do nível de contratação esperada.
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