A inflação da Região Metropolitana do Recife (RMR), medida através do IPCA pelo IBGE, quebra, em julho, o movimento de desaceleração iniciado em março de 2019. A taxa mostrou alta de 0,19%, mas ainda reflete um cenário inflacionado controlado. É o segundo menor valor para o ano, atrás apenas da variação negativa de junho. Vale destacar também que o valor é superior ao mesmo mês do ano anterior, porém, em 2018, o cenário era outro, o mercado registrava alta oferta de produtos devido à normalização das entregas após o fim da greve dos caminhoneiros, o que puxou a inflação muito para baixo.
Este ano, além das chuvas que vêm conseguindo segurar o reajuste de alguns itens de preços livres, que são aqueles que refletem a dinâmica de oferta e demanda dos produtos, visto que o inverno mais rigoroso retira parte das pessoas dos grandes centros comerciais, não houve nenhum tipo de acontecimento com força significativa que pudesse impactar a dinâmica dos preços como no ano anterior, que, além da greve, teve Copa do Mundo e início da corrida eleitoral para governador e presidente.
Outras variáveis continuam atuando para que o movimento inflacionário apresente estas pequenas variações, como o mercado de trabalho que ainda mantém a demanda desaquecida devido ao alto nível de desempregados no estado, além do endividamento que também limita o nível de consumo através de uma maior restrição orçamentária e muitas vezes impedindo o acesso à crédito devido a restrições.
Nem mesmo a política de queda da taxa básica de juros iniciada pelo Banco Central, em novembro de 2016, vem sendo capaz de incentivar um maior nível de consumo. Os juros, que estavam em 14,25%, em outubro de 2016, caíram para 6,0% em agosto de 2019, uma redução de mais de 50% em três anos, porém não existe um reflexo imediato nas famílias, o que abre espaço para mais quedas da Selic na tentativa de retirar o comportamento conservador das famílias, gerando assim uma maior pressão inflacionária, mas que não supere a meta de 4,5%.
O resultado de julho de 2019 está concentrado em praticamente um grupo, o de “Habitação”, que variou 1,37% ante queda de -1,10% do mês anterior. O resultado puxou o índice geral para cima, visto que contribuiu com 0.20 pontos percentuais para a composição da taxa de julho. O item que mais contribuiu foi o de energia elétrica residencial, com alta de 5,64%, seguido por taxa de água e esgoto, que variou 3,67%. Nota-se que a pressão está concentrada em itens com preços monitorados, aqueles ligados a serviços públicos e que geralmente seguem regras para o reajuste. A segunda maior contribuição ficou com “Alimentação e bebidas”, que apresentou alta de 0,30% e acrescentou 0.08 p.p. à soma geral, o grupo foi puxado pela grande variação de itens de consumo diário, como a cebola e o alho, que tiveram reajustes médios de 35,38% e 13,17%.
Na outra ponta, o grupo de “Transportes”, somado à fraca variação dos demais grupos, conseguiu segurar a inflação da RMR em um valor ainda baixo. Os itens gasolina e etanol registraram quedas mensais de -3,82% e -2,90%, respectivamente, o que puxou o resultado geral do grupo para -0,62% em julho. Vale destacar que a pressão nos preços das passagens aéreas continua, o movimento é influenciado ainda por um mercado concentrado, que piorou após a saída da Avianca, e pela sazonalidade do mês de julho, que tem a tradição de viagens pelo período de recesso.
No acumulado do ano, janeiro a julho, a taxa em 2019 alcançou os 2,74%, mostrando um maior alinhamento com os mesmos períodos dos anos anteriores, quando o IPCA da RMR acumulava próximo de 2,5%. É importante destacar que os grupos que mais contribuíram para este resultado foram “Alimentação e bebidas”, “Saúde e cuidados pessoais” e “Educação”. Em 12 meses, o índice mostrou uma pequena aceleração, saindo de 2,83% para 3,10%.
Os cinco produtos com maior variação positiva, em julho de 2019, para a RMR foram cebola (35,38%), passagem aérea (17,66%), alho (13,17%), inhame (10,44%) e laranja-pera (8,70%). Na outra ponta, os produtos que tiveram o preço apresentando as menores variações foram tomate (-14,87%), artigos de maquiagem (-12,96%), feijão-carioca (-10,11%), banana-terra (-9,47%) e alface (-6,03%).
O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande e de Brasília.
Referências: ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO – IPCA – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE.
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