Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE, o volume das vendas do varejo pernambucano voltou a mostrar crescimento em maio, apresentando alta significativa comparado ao mês anterior. A taxa mostrou variação positiva de 9,86%, no indicador mês, confirmando que abril foi de fato o fundo do poço para as vendas do comércio diante dos impactos negativos da pandemia da Covid-19.
Vale destacar que o número surpreende, principalmente pela intensidade da recuperação, visto que o período ainda apresentou restrição no funcionamento do comércio em todos os dias do mês. Além disso, algumas cidades importantes para o varejo pernambucano, como Recife e Jaboatão, tiveram a aplicação do lockdown, criando restrição ainda maior para o deslocamento das famílias e funcionamento dos estabelecimentos.
Outro fato a ser considerado é que a variação está sendo realizada em cima de uma base muito deteriorada, visto que a queda de abril foi a maior da série histórica neste tipo de comparativo e o mês de março já havia apresentado recuo de quase dois dígitos. Há de se destacar também que, em maio, a comemoração do Dia das Mães é outro fator que acaba gerando um maior nível de consumo quando comparado com o mês anterior, mesmo que o cálculo do indicador retire os efeitos sazonais.
É importante destacar que a expectativa em relação a mais uma variação negativa no quinto mês do ano era ancorada na atual conjuntura imposta pela pandemia da Covid-19, que continua desacelerando o consumo das famílias. Além disso, a continuidade da deterioração do mercado de trabalho, formal e informal, também age como limitadores do poder de consumo da população, restringindo o orçamento e impedindo um nível de consumo maior.
Outro ponto a ser lembrado é o endividamento das famílias no Estado, que já apresenta elevado percentual e também acaba limitando a capacidade de compras dos que já estão muito endividados. A política de incentivo à manutenção do consumo das famílias criada pelo Governo Federal se mostrou mais efetiva em maio, visto que grande parte dos beneficiados já havia recebido ao menos a primeira parcela do benefício.
Lembrando que o Auxílio Emergencial é um benefício financeiro pago pelo Governo Federal para garantir uma renda mínima aos brasileiros em situação de vulnerabilidade social, durante o período de emergência de saúde pública decorrente do novo coronavírus (Covid-19), previsto na Lei nº 13.982, de 2 de abril de 2020. Em Pernambuco, foram injetados mais de R$ 2,2 bilhões de reais, o que somado aos demais benefícios, como o Bolsa Família e o BPC, deu condições para que o consumo fosse superior aos meses de março e abril.
O resultado pernambucano, apesar da menor intensidade na recuperação, ficou bem próximo ao do nacional, que cresceu 13,88%, sinalizando uma demanda pernambucana tão desaquecida quanto à média do país. Este é o melhor resultado para os meses de maio, desde o início da série, sinalizando que as famílias apresentaram um nível de consumo bem maior do que o verificado no início do combate à pandemia. A alta do volume de vendas neste mês também já consegue apontar uma maior velocidade no movimento de recuperação do consumo para o mês seguinte, onde as medidas de restrição atuaram de maneira menos intensa e com o início da flexibilização do funcionamento do comércio não essencial.
O varejo ampliado pernambucano, setor que agrega todos os índices do varejo mais as atividades de “Veículos, motocicletas, partes e peças” e “Material de construção”, também respondeu de maneira forte aos incentivos do consumo gerados pelo governo. As vendas no indicador mês subiram 14,59%, apresentando maior intensidade do que o restrito. Lembrando que os dois setores tem como um dos incentivos para o consumo o crédito e a confiança da população, aspectos que apresentam relativa melhora para parte da população devido ao recebimento da renda do auxílio emergencial.
Quando comparado com o mesmo período do ano anterior, o volume de vendas pernambucano continua recuando de forma intensa, atingido os -16,3% em maio, registrando também o segundo maior recuo da série histórica iniciada em janeiro de 2000 e a maior queda para os meses de maio neste tipo de comparação. No ano, as vendas ainda acumulam queda de 8,0%, já em 12 meses o recuo alcança os 2,2%, mostrando que a recuperação do volume no mês não foi suficiente para retirar os demais indicadores da zona negativa.
Os segmentos que mais apresentaram queda em relação ao mesmo período do ano anterior foram “Tecidos, vestuários e calçados”, “Livros jornais e papelaria” e “Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação”, recuando acima dos 50% quando comparado com o mesmo período do ano anterior. Na outra ponta, os que não apresentaram queda foi “Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumos” e “Eletrodomésticos”. O primeiro devido à essencialidade do segmento e o segundo puxado pela renda do auxílio emergencial para algumas famílias.
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