Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE, o volume das vendas do varejo pernambucano mostrou crescimento de 0,6% no indicador mês, mês atual em relação ao mês anterior. O valor é superior ao resultado nacional e à variação de fevereiro de 2018, que registraram taxas de 0,3% e -0,1% (revisada), respectivamente. Existia um temor pelo mercado de que o resultado viesse negativo, o que não foi verificado, porém os números mostram uma desaceleração no ritmo das vendas, que, nos últimos meses, vinham com um contínuo crescimento e apesar de positivo a maioria dos resultados estão menos expressivos. O volume maior, no mês de março, neste tipo de indicador é influenciado também por uma comparação com um período que possui menos dias disponíveis para vendas no comércio do Estado, já que em fevereiro o grande parte do varejo perde praticamente uma semana com o mini recesso do Carnaval nos grandes centros.
No indicador mensal, mês atual em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve uma queda de -0,4%, uma melhora em relação ao recuo de fevereiro (-1,3%), porém um resultado muito abaixo do que foi verificado em março de 2017, quando as vendas cresceram 4,9%. Um dos motivos para a queda acentuada é a diferença de feriados em março entre os dois últimos anos, pois, em 2017, o mês de março apresentou apenas metade de um dia perdido para o comércio, já que a quarta-feira de cinzas foi no dia 1º e o feriado no Estado tradicionalmente se encerra ao meio dia, já em 2018 passou a vigorar o feriado da Data Magna do Estado, além disto o mês também ficou com a quinta-feira e Sexta-feira Santa, o que aumenta o impacto no recuo das vendas durante o mês.
Os segmentos que mais contribuíram para o resultado negativo foram “Livros, jornais, revistas e papelaria”, com o vigésimo sexto recuo consecutivo neste tipo de comparativo, refletindo um difícil momento para parte dos lojistas do setor, podendo ser explicado por aumento do acesso à tecnologia, principalmente na questão dos livros digitais. Para “Tecidos, vestuários e calçados”, a queda também foi significativa, o setor que vem sendo um dos motores da recuperação das vendas apresentou um movimento de onze resultados positivos e atualmente registra a quarta queda seguida, com uma variação negativa de -21,7%, refletindo uma redução no ritmo do consumo.
Outro destaque negativo é o desempenho das vendas dos “Eletrodomésticos”, que caíram -13,9%, encerrando um período de doze meses de crescimentos robustos. É esperado também para os próximos meses uma inflação nos preços dos eletrônicos, e de todos os produtos que possuem componentes importados, já que a elevação da taxa de juros americana somada a um ambiente externo entre potências nucleares crítico vem fazendo com que o dólar se valorize ainda mais. Além destes segmentos, “Material de Construção” e “Combustíveis” também mostraram queda, o primeiro impactado ainda por um setor de construção em marcha lenta, com os preços dos imóveis e aluguéis mostrando queda, e o segundo com uma menor demanda devido à elevação no preço da gasolina.
O indicador que mede o desempenho das vendas, nos 12 meses encerrados em março de 2018, registrou alta de 4,7%, mostrando uma modesta queda em relação ao que foi encerrado em fevereiro (5,1%). Vale destacar que mesmo com a taxa apresentando recuo, o valor é o maior para os meses de março desde 2014, quando as vendas cresceram 6,3%, outro fato a ser destacado é que este indicador em Pernambuco continua com desempenho acima da média nacional. Os segmentos que acumulam as maiores taxas são os de “Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação” e “Móveis e eletrodoméstico”, com alta de 42,8% e 21,5%, respectivamente. Já no acumulado do ano, janeiro a março, as vendas do varejo no Estado não mostram crescimento nem queda, registrando variação nula, repetindo o mesmo valor que no ano anterior.
O varejo ampliado, setor que agrega todos os índices do aarejo mais as atividades de “Veículos, motocicletas, partes e peças” e “Material de construção”, também continua com tendência de recuperação, com velocidade superior ao do varejo restrito. Em março de 2018, a maioria dos indicadores continua apresentando taxas positivas, como o comparativo mensal, o acumulado do ano e o acumulado em 12 meses com taxas de 1,2%, 2,0%, e 4,1%, respectivamente.
Alguns fatores estão contribuindo para que o volume não volte a se recuperar de forma intensa como o verificado no segundo semestre de 2017, como a taxa de desemprego ainda muito alta, atingindo mais de 700 mil pessoas no Estado, onde o mercado esperava uma melhora mais intensa na geração de empregos. Este fator vem segurando a alta da renda, a recuperação da confiança, a queda da inadimplência, além de segurar a confiança das famílias em níveis insatisfatórios. O cenário político também contribui para a deterioração dos indicadores das vendas, com a suspensão de reformas importantes para a saúde das finanças públicas, o não debate de outros projetos que contribuem para um melhor ambiente de negócio devido à intervenção militar no estado do Rio de Janeiro, além de um futuro incerto sobre qual equipe econômica irá assumir nos próximos quatro anos, além do posicionamento da equipe em relação às reformas necessárias para o desenvolvimento e crescimento do país.
O Banco Central continua com a política de redução dos juros, porém ainda mostrou suficiente força para que as pessoas voltem a consumir, já que na ponta o acesso ao crédito não mostra mesma velocidade que a queda da taxa básica de juros. O ambiente incerto faz com que investimentos que geram emprego e renda não ocorram, impactando o comércio, a indústria e os serviços, reduzindo a velocidade da recuperação econômica.
Referência: Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). Março/2018.
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