Olhar cuidadosamente para o outro em uma perspectiva coletiva para mudar a chave da educação brasileira. Foi sob essa sustentação que o educador César Aparecido Nunes comandou a palestra “A Ética do cuidado: sensibilizar os conhecimentos e esclarecer os afetos na apropriação estética das novas tecnologias”, abrindo o 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação, na tarde desta quarta-feira (20), no Teatro Guararapes. Para o paulista, é por meio da humanização e do acolhimento que a escola cumprirá o seu papel em educar para criar realidades positivas.
Quando se olha para o atual quadro, observa-se que o desafio é grande, mas que deve ser tratado com otimismo. “Não sejam pessimistas práticos. O pessimismo é uma atitude que não altera a realidade e mantém o status quo (padrão). A educação tem um importante papel cívico, social, cultural. Sem ela, o que aí está não se desenvolverá”, provocou o palestrante. Para ele, esse processo de desenvolvimento só será possível por meio de um olhar crítico sobre as raízes dos problemas brasileiros, e não com a aplicação de modelos bem-sucedidos em outras partes do mundo – a exemplo da educação coreana, japonesa e finlandesa. “A escola brasileira não pode ser comparada com nenhuma outra do mundo. Temos matrizes sociais, éticas, políticas e geográficas que nos particularizam. Precisamos ir a fundo nos nossos problemas, e não ir de encontro às soluções de fora”, afiançou.
Para o autor de mais de 20 livros em torno do universo educacional, ao alinhar essa percepção crítica com o investimento no amor, no cuidado e, sobretudo, na humanização é possível criar cenários educacionais mais animadores. “Os números dizem tudo: 11% das crianças têm pai não declarado e 39% são filhos de mães solteiras. Então, se na vida já falta carinho, a escola precisa suprir essa carência e seguir a linha do amor. O aluno tem que se sentir querido e acolhido, pois dessa forma estará mais motivado. A escola precisa enxergar a outra dimensão do aluno e saber dialogar com ele”, finalizou.
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