Segundo o IBGE, através da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), o volume de serviços no Brasil no indicador que compara o volume de serviço atual em relação ao mês anterior voltou a ficar no negativo, recuando -0,5% em junho de 2016. O valor é inferior ao resultado de maio de 2016, mas é superior a junho de 2015, quando os indicadores apresentaram taxa de 0,2% e -0,6%, respectivamente, este também é o terceiro ano consecutivo em que o mês apresenta recuo.
Quando se compara junho de 2016 com o mesmo mês do ano anterior, a queda é de -3,4%, o menor resultado para o mês em toda a série histórica iniciada em 2012 e o décimo quinto valor negativo consecutivo, apesar disto, o valor consegue ser superior aos dez últimos meses.
O acumulado do ano, janeiro a junho de 2016, apresenta queda de -4,9%, o menor resultado para o período em toda a série de dados e o décimo oitavo recuo consecutivo, a última vez em que o indicador apresentou crescimento foi em dezembro de 2014, quando variou positivamente em 2,5%. As seguidas taxas abaixo de zero e os históricos valores negativos dentro da série, demonstram que o setor vem sentindo os impactos da crise econômica e que ainda não encerrou o pior momento, apesar de ter reduzido a velocidade de queda.
Conforme gráfico abaixo, o índice que avalia o desempenho em 12 meses também tem variação negativa e continua se deteriorando, o que reflete a baixa confiança dos agentes que demandam os serviços. Para o indicador a queda foi de -4,9% e se encontra abaixo de zero a treze meses consecutivos e a medida que vai avançado dentro de 2016 o acumulado vai piorando, deixando claro que o ano atual está em pior situação que 2015, que já foi um ano bastante complicado. A Confederação Nacional do Comércio (CNC) estima uma queda de -4,1% para o setor em 2016.
Quando se analisa o resultado por tipo de serviço, fazendo a comparação com o mesmo mês do ano anterior, verifica-se que todos os cinco tipos ficaram com recuo. O destaque negativo ficou com os serviços “profissionais, administrativos e complementares”, que recuou -5,9%, sendo o décimo quinto recuo consecutivo, a queda é justificada pelos fracos desempenhos dos serviços técnico-profissionais (-10,3%) e dos “administrativos e complementares” (-4,4%), que compõe a atividade. Em seguida os serviços de “Transportes” caindo -3,6%, influenciado pelo fraco desempenho dos transportes terrestres (-8,4%) e dos aquaviários (-5,3%), o único ponto positivo deste tipo foi a alta verificada nos transportes aéreos, que cresceu 19,7% no mês aquecido pelo evento das olimpíadas no Rio de janeiro.
Outro destaque negativo é o fraco desempenho dos serviços “Prestados às famílias” que apresentaram variação negativa, pela vigésima terceira vez, de -7,5%, revelando que a confiança das famílias brasileira para consumo estão em a um período grande, fazendo com que comércio e serviços sintam os efeitos através da queda das vendas e dos lucros, o que consequentemente resulta em ajustes que levam a redução de equipe, contribuindo para o aumento do desemprego.
Analisando o resulta pelo lado da receita, verifica-se que a alternância entre os resultados negativos e positivos permanece, além disto o crescimento, quando existe, continua bem modesto e próximo a zero, em junho a alta foi de apenas 0,6%, superior ao mês anterior e inferior ao mesmo mês do ano anterior, quando as taxas foram de -0,7%. Os valores da receita nominal já indicam que o setor passa por uma grave desaceleração, quando se desconta a inflação de serviços, para obtenção da receita real é que a realidade se torna ainda mais dura, mostrando que os prejuízos estão presentes nas contas a mais de 12 meses.
Analisando o gráfico acima, verifica-se que existe uma tendência de queda de inflação, porém lenta, caindo de uma taxa de 8,5% em julho de 2015 para 7,0% em junho de 2016. Existe atualmente uma segunda conjuntura que faz com que os prejuízos sejam significativos, antes a inflação de serviços estava atingindo valores próximos a dois dígitos, porém vem desacelerando, já no segundo, com a queda da inflação, existe também uma queda na receita nominal fazendo com que o lucro não se recupere. Sendo assim, a política de controle da alta dos preços deve acompanhar políticas que visem a alta da confiança da população, fazendo com que o resultado da receita real seja maximizado.
PERNAMBUCO
O setor de serviços pernambucano atualmente vem passando por maiores dificuldades que o nacional, apresentando taxas mais negativas e uma grave desaceleração. No resultado mensal o recuo foi de -0,7%, resultado que coloca o estado com a segunda pior taxa entre os estados do Nordeste. Quando se analisa o indicador anual, mês atual em relação ao mesmo mês do ano anterior, a taxa do volume de serviços cai -7,6%, valor menor que o mês anterior (-11,9%) e maior que em junho de 2015 (-4,5%). Os acumulados ao ano e em 12 meses apresentam tendência negativa igual, registrando baixa de -9,5% e -8,2%. A média móvel trimestral do estado se encontra com valor de quase dois dígitos e sinal negativo, apontando para uma manutenção da queda do setor ainda no curto prazo.
O que mais impactou a taxa pernambucana, assim como para o Brasil, foram os serviços “profissionais, administrativos e complementares”, que possuem o terceiro maior peso para composição geral da taxa e caiu -16,3%, sendo este o vigésimo terceiro resultado negativo para este tipo de atividade. Vale lembrar que o tipo de serviço carrega os empregos técnico-profissionais e tem como maior demandante o setor industrial, refletindo assim um menor aquecimento na indústria do estado e do país, que por produzir menos é obrigada a reduzir despesas cancelando ou renegociando contratos. Os segmentos de informação e comunicação e caíram -8,7%, valor mais deteriorado que no mesmo mês do ano anterior (-7,5%) e o décimo oitavo resultado seguido abaixo de zero, o último crescimento para o este tipo de serviço foi verificado em dezembro de 2014, quando avançou 1,8%.
Todos os outros tipos de serviços ficaram negativos, vale atenção maior para o comportamento dos serviços prestados às famílias, que tem sua segunda taxa negativa consecutiva, variando negativamente em -3,1%, após três meses de crescimento. Porém, os resultados apontam para uma família menos pessimista, pois os resultados apesar de negativos estão melhores que o nacional (-7,5%), e superiores também a importantes estados do Nordeste, como Bahia (-15,9%) e Ceará (-7,0%). Já os serviços de transportes ficaram com uma queda de -0,2%, sendo este o melhor desempenho entre todos os tipos, influenciado principalmente por um maior aquecimento da economia do estado devido ao festejo do São João.
Referência:
Sistema Gerenciador de Séries Temporais (SGS)/BANCO CENTRAL DO BRASIL.
Pesquisa Mensal dos Serviços (PMS). Junho/2016.
Nota: A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), primeiro indicador conjuntural mensal que investiga o setor de serviços formais no país, abrange as atividades do segmento empresarial não financeiro, exceto os setores da saúde, educação, administração pública e aluguel imputado (valor que os proprietários teriam direito de receber se alugassem os imóveis onde moram).
Serviços prestados a família Inclui os seguintes serviços: serviços de alojamento e alimentação e outros serviços prestados a família como atividades artísticas, criativas e de espetáculos; atividades esportivas, de recreação e lazer (exceto clubes); lavanderias, tinturarias e toalheiros; cabeleireiros e outras atividades de tratamento de beleza; atividades funerárias e serviços relacionados; outros serviços pessoais (clínicas de estética, serviços de alojamento, higiene e adestramento de animais domésticos, serviços de engraxates e carregadores de malas, etc.); atividades de apoio à educação e serviços de educação continuada (cursos de idiomas, de ensino de esportes, arte e cultura, cursos preparatórios para concursos, etc.). (Peso na composição de 6,4%);
Serviço de informação e comunicação inclui serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e serviços audiovisuais, de edição e agência de notícia. (Peso na composição de 35,7%);
Serviços profissionais, administrativos e complementares inclui serviço técnico-profissionais e serviços administrativos e complementares. (Peso na composição de 20,5%);
Transporte, serviços auxiliares do transporte e correio inclui transporte terrestre, aquaviário, aéreo e armazenagem, serviços auxiliares dos transportes do correio. (Peso na composição de 30,7%);
Outros serviços Inclui os seguintes serviços: atividades imobiliárias (intermediação, gestão e administração de imóveis próprios e de terceiros); serviços de manutenção e reparação; serviços auxiliares financeiros; serviços auxiliares da agricultura; serviços de esgoto e serviços de coleta, tratamento e disposição de resíduos e recuperação de materiais. (Peso na composição de 6,6%).
Fonte: Instituto Fecomércio-PE
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