Por Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE (rafael.ramos@fecomercio-pe.com)
Segundo o IBGE, através da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), o volume de serviços pernambucano, em maio de 2018, voltou a apresentar deterioração no indicador mês, mês atual em relação ao mês anterior, com a taxa registrando uma queda de -3%. Este é o pior resultado para os meses de maio neste tipo de comparativo em toda a série histórica iniciada em 2011. O recuo é significativo, principalmente por ter ocorrido no mês de maio, que tem uma das datas mais importantes para o setor, em especial para o segmento de bares e restaurantes, pois a demanda mostra picos de aquecimento devido à comemoração do Dia das Mães. Além disso, os transportes também são influenciados pelo maior número de consumidores, principalmente na questão de distribuição de produtos pelo comércio e pelo maior número de viagens. É importante lembrar que a Pesquisa de Sondagem de Opinião realizada pelo Instituto Fecomércio-PE apontou que os empresários do setor esperavam um aumento de 4,7% para as vendas, durante o período de comemoração em 2018, tendo no pós data um resultado positivo, porém para o volume do mês como um todo, o setor foi bruscamente impactado pela paralisação dos caminhoneiros no fim de maio, puxando o resultado para baixo.
Assim como o Comércio e a Indústria, os Serviços foram impactados com a paralisação dos caminhoneiros, nos últimos 10 dias de maio, de maneira ainda mais forte que os dois primeiros setores, pois o período paralisou atividades com grande peso na formação da taxa, além de atingir um setor que já não mostra consistência no movimento de recuperação. A logística, que se encontra dentro do segmento de transportes, foi um dos setores mais impactados pelo movimento grevista, que, por falta de abastecimento dos combustíveis, foi obrigada a reduzir o nível de distribuição, criando um cenário ainda mais crítico para uma atividade que já possui entraves que atualmente comprometem a sua realização. Os Correios, que entregam mensalmente cerca de meio bilhão de objetos postais, dentre eles, 25 milhões de encomendas, em nota lançada no período de greve, informaram uma aumento no prazo de transferência dos produtos devido aos efeitos da greve na operação da empresa, prejudicando famílias e empresas que necessitavam dos produtos para suas atividades.
O indicador mensal, mês atual em relação ao mesmo mês do ano anterior, mostrou queda ainda mais forte, com variação negativa de -7,1%, sendo o quarto ano consecutivo com o mês de maio apresentando recuo. É importante destacar que a queda sinaliza uma situação muito difícil para o setor, que continua caindo mesmo em cima de uma base de comparação já bastante deteriorada. O tipo de serviço mais impactado foram os “Serviços profissionais, administrativos e complementares”, com expressiva queda de -20,7%, ante recuo de -1,0% no mês anterior, esta piora também pode ser colocada na conta do movimento grevista, pois a produção foi obrigada a ter seu ritmo reduzido, devido principalmente ao não recebimento de componentes importantes para elaboração dos seus produtos, outro fator de impacto negativo também é verificado na entrega dessas mercadorias, como por exemplo é verificado nas indústrias de automóveis, que não conseguem escoar o novos veículos para as concessionárias, esse ambiente freou os possíveis investimentos que os empresários industriais poderiam fazer, obrigando a criar um planejamento para minimizar os custos do período e adiando novos contratos para aquisição de serviços técnicos-especializados. Todos outros quatro tipos de serviços também apresentaram queda, de maneira bem mais modesta, porém refletiram também impactos do cenário adverso do final de maio.
O indicador que acompanha o desempenho do setor em 12 meses voltou a cair, saindo de -4,3% em abril para -4,7% em maio. No ano, janeiro a maio, o volume de serviços acumula queda de -4,1%, valor em melhor situação que nos mesmos períodos de 2017 e 2016, porém não se têm motivos para comemoração, já que o desempenho se mostra fraco a praticamente três anos. É importante destacar também que a média móvel trimestral, que aponta a tendência para os próximos meses, mostrou deterioração acentuada entre os dois últimos meses, o que revela uma possível piora dos resultados negativos para os serviços pernambucano no curto prazo, sinalizando um período ainda mais longo de crise no setor.
Referência: Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). Maio/2018.
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