A inflação da Região Metropolitana do Recife (RMR), medida através do IPCA pelo IBGE, mostrou variação de -0,31% em março de 2018, mostrando forte desaceleração no movimento de reajustes dos preços. Este é o menor valor para os meses de março dos últimos anos, confirmando que a inflação projetada para o Recife continua perdendo força mesmo com o nível de consumo da população apresentando recuperação quando comparado com os últimos três anos. É importante destacar que a inflação nacional atingiu os 0,09% em março, o que deixa o reajuste dos preços da RMR inferior ao brasileiro pelo oitavo mês consecutivo.
Outro ponto importante que consegue ter impacto significativo no comportamento do IPCA puxando o resultado para baixo é o nível de desemprego do Estado, que ainda se encontra bastante elevado e acima da média nacional. A taxa de desemprego trimestral em Pernambuco, segundo dados da PNAD do IBGE, encerrou o ano de 2017 em 16,8%, acima da desocupação brasileira e nordestina, onde os valores foram de 11,8% e 13,8%, respectivamente, o cenário do mercado de trabalho ainda em marcha lenta faz com que a inflação dos preços livres caia de maneira significativa, influenciando o resultado geral.
Quando se analisa o resultado mensal por grupo, verifica-se que o grupo “Transportes” foi o que mais contribuiu para o resultado negativo em março de 2018. De maneira geral, os itens deste grupo mostraram recuo de -2,05%, ante uma alta de 0,78% do mês anterior, contribuindo com -0.32 para a formação global da taxa. Os itens que mais mostraram recuos nos preços foram as passagens aéreas e a gasolina, com quedas de -21,89% e -4,69%, respectivamente. Vale ressaltar que as quedas dos itens mostram um movimento não esperado para o mês de março, já que, tradicionalmente, apresentam pressão sazonal, devido ao feriado da Semana Santa e da Páscoa e ao aumento de demanda, devido às viagens.
O segundo grupo de menor variação foi o de “Alimentação e bebidas”, que, devido à boa safra e à continuidade de uma grande oferta de produtos agrícolas que fazem parte do consumo diário dos pernambucanos, mostrou uma taxa de -0,53%, influenciado pelos reajustes para baixo de itens como feijão (-8,74%), a batata-inglesa (-4,44%) e o tomate (-13,77%). Este grupo em especial, que possui o maior peso na composição da taxa, foi o grande responsável pelo movimento de queda acentuado do IPCA durante o ano de 2017. Os preços das “Despesas pessoais” (-0,49%) e “Comunicação” (-0,26%) também mostraram deflação em março de 2018, contribuindo com -0.06 p.p. para o resultado geral.
Na outra ponta, com as maiores variações mensais, se encontram os grupos “Vestuário”, “Saúde e cuidados pessoais” e “Artigos de residência”, com alta de 0,96%, 0,64% e 0,57%, respectivamente. É importante frisar que estes grupos somados alcançam em torno de 20% para o resultado total, não possuindo força suficiente para reverter o sinal negativo da maioria dos demais grupos. Os destaques, no primeiro, foram os reajustes nos preços das roupas masculina, infantil e dos tecidos; no segundo, as altas dos serviços de dentista, saúde e cuidados pessoais e planos de saúde; enquanto que o terceiro foi pressionado devido às altas nos valores cobrados do mobiliário e aparelhos eletrônicos.
O comportamento da inflação, no acumulado em 12 meses, ainda mostra tendência à desaceleração, saindo de 3,04% em fevereiro para 2,16% em março. O valor se encontra pela primeira vez, após 18 meses consecutivos, abaixo do acumulado nacional. O indicador, em 12 meses, acumula valor bem inferior ao do mesmo período de 2017, quando a taxa estava em 5,57%, tendo como principal grupo de influência o de “Alimentação e bebidas”, que saiu de uma alta de 4,94% para recuo de -3,23%, no mesmo período comparativo.
Já o acumulado no ano, janeiro a março, a inflação mostra uma queda de -0,01%, ante variação positiva de 1,11% no mesmo período do ano anterior. Diante da queda contínua dos preços, se espera que o Banco Central continue com a política de redução da taxa de juros, visando assim um aquecimento da demanda, por aumentar acesso a crédito para consumo e investimentos, e consequentemente elevando o nível do IPCA para acima do piso de 3,0% ao ano e não descumprindo a regra de manter a inflação dentro do estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional.
Os cinco produtos com as maiores variações negativas, em janeiro de 2018, para a RMR foram: passagem aérea (-21,89%), tomate (-13,77%), banana da terra (-12,41%), ônibus interestadual (-9,37%) e banana prata (-9,06%). Na outra ponta, os produtos que tiveram o preço apresentando variação positiva foram: abacaxi (11,26%), coentro (8,94%), peixe Pescada (7,23%), filé mignon (6,09%) e produto para unha (5,99%).
O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande e Brasília.
Referências: GERÊNCIA DE INVESTIMENTOS/BANCO CENTRAL DO BRASIL. Focus – Relatório de Mercado Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) – IBGE
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