Por Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE
rafael.ramos@fecomercio-pe.com
O Carnaval 2018 terminou com um cenário bem mais positivo que no ano anterior, com um
grande número de turistas visitando o Estado, gerando emprego e renda para parte da
população, além de contribuir com a arrecadação do setor público. Com o fim das festividades
de Momo, se inicia a preparação para a comemoração da Páscoa, que, em 2018, será
influenciada por um ótimo início do ano, com o nível de consumo da população
pernambucana mostrando movimento de recuperação contínuo, confirmado pelo volume de
vendas positivo da Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE.
A comemoração traz desdobramentos positivos para segmentos importantes do Varejo, como o de
“Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo”, através da
elevação das vendas de itens que formam a tradicional alimentação da Semana Santa,
como as verduras, pescados, chocolates, azeite, bolo e bebidas alcoólicas.
A indústria de chocolate tem uma boa expectativa em relação ao volume de vendas,
projetando um resultado positivo e superior aos três últimos anos. O setor, para amenizar os
momentos de crise, precisou se reinventar, com inovações nos produtos, embalagens,
sabores e formas.
As justificativas, assim como para o Carnaval, também se baseiam em
um cenário econômico bem menos adverso que no mesmo período dos anos anteriores,
com um mercado de trabalho não se deteriorando, com saldos de empregos formais
melhores, além de uma geração de empregos informais conseguindo segurar e amenizar o
número de desocupados. Outro importante ponto é o crédito menos caro e mais acessível
devido às sucessivas quedas nas taxas de juros, como as do cartão de crédito rotativo, e
uma população mais confiante no futuro da economia com um nível de consumo e
investimentos em crescimento.
Analisando o comportamento dos preços na pré-Páscoa de 2018, verifica-se que, de maneira
geral, a comemoração tende a ser menos custosa para a população pernambucana. O
IPCA para a Região Metropolitana do Recife (RMR) se encontra com bem menos pressão
que nos anos anteriores, refletindo um orçamento para a maioria da população menos
restrito e com renda disponível maior para gastos menos essenciais. Verifica-se, na tabela
abaixo, que alguns itens se destacaram em relação ao comportamento dos preços, como é o
caso do “chocolate em barra e bombons”, que mostrou queda média nos preços de -9,23%
em 12 meses, sendo matéria prima dos tradicionais ovos de Páscoa. A variação negativa vai
influenciar na composição do preço de venda, mas não é garantia de queda, já que existem
outros itens envolvendo o processo, que podem ter mostrado variação do preço acima da
média.
O preço dos pescados deve mostrar estabilidade antes da Semana Santa. É
importante lembrar que estes itens sofrem aumentos sazonais e que o consumidor deve se
adiantar nas compras para evitar pagar mais caro. Na outra ponta, as viagens para a
população que utiliza o feriado para visitar parentes em outras cidades devem ficar mais caras,
pois o combustível mostrou variação positiva de 18,1% e as passagens aéreas de 12,41%.
O cenário nacional, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), também é
bastante positivo, com projeção de crescimento atingindo os 3,5%, que se confirmado será
o maior valor dos últimos cinco anos para a Páscoa brasileira.
A entidade também espera para o Brasil uma geração de emprego temporário acima de 10,5 mil e faturamento superior
a 2 bilhões de reais. Diante deste fato, é importante lembrar que o Varejo pernambucano
mostrou, em 2017, desempenho superior ao brasileiro, explicado especialmente por um
aumento na massa de rendimento médio da população ocupada, explicando o porquê da
expectativa positiva para o desempenho da Páscoa no Estado. O que ainda pode afetar as vendas…é uma população com um nível de endividamento alto e mostrando resistência a queda nos primeiros dois meses de 2018.
As despesas de início de ano, somadas aos gastos do Carnaval, podem afetar algumas famílias com pouca educação financeira, restringindo a
parcela da população que pode comemorar a Páscoa, devido à elevação do número de
endividados no Estado. O orçamento mais restrito em alguns lares pode fazer com que o
nível de compras destes consumidores seja reduzido.
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