Por Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE (rafael.ramos@fecomercio-pe.com)
A crise econômica retirou a confiança de grande parte das famílias e dos empresários pernambucanos, criando um comportamento conservador, nos últimos anos, com capacidade de frear consumo e investimentos. A recuperação econômica vem apresentando passos lentos, não conseguindo assim criar um movimento contínuo de retirada do pessimismo da maioria dos agentes. A economia, apesar de mostrar crescimento do PIB nos períodos anteriores, ainda não conseguiu desdobrar esse fator positivo na criação de vagas. O mercado de trabalho ainda apresenta um alto nível de desocupados, o cenário ainda piora quando soma-se os subutilizados, ultrapassando a marca de 1 milhões de pessoas com o desejo de trocar o seu serviço de mão-de-obra por uma renda, para poder consumir o essencial e o supérfluo e voltar a ter a capacidade de pagar dívidas.
Os reflexos imediatos são sentidos no comércio, que, nos últimos seis meses, apresenta sucessivos recuos no volume de vendas. Pernambuco acumula, em 2019, queda de 0,7% nas vendas do varejo restrito. Quando se analisa o varejo ampliado, a taxa melhora e atinge alta de 1,2%, números muito abaixo do que o setor tradicionalmente apresentava, onde o desempenho antes da crise, facilmente, superava os dois dígitos em crescimento. Um cenário econômico bem diferente do atual, onde a geração de emprego atingia recorde e o crédito era abundante e mais barato.
O segundo semestre de 2019 começa a criar esperança em relação ao desempenho das vendas. Tradicionalmente, é um período de maior nível de consumo e também de maior número de contratação, visto que a demanda é aquecida com injeção de 13º salário, feirões de renegociação e retirada de restrição, além do anúncio da liberação do FGTS limitada a R$ 500,00 por conta. A aprovação de reformas importantes somada a políticas públicas voltadas ao aquecimento da demanda, pode iniciar uma reversão do atual quadro de fraco desempenho do comércio. É urgente o restabelecimento da confiança das famílias e empresários, para que o consumo e o investimento possam retornar e a economia volte a crescer gerando oportunidades para todos.
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