Por Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE (rafael.ramos@fecomercio-pe.com)
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) pernambucano mostrou uma leve alta no percentual de endividados, saindo de 62,5% em maio para 62,8% em junho de 2018. O movimento já era esperado e foi antecipado pela Pesquisa de Sondagem de Opinião do Dia dos Namorados e Festejos Juninos, realizada pelo Instituto Fecomércio-PE, em parceria com o SEBRAE-PE, onde o percentual de pessoas que tinham a intenção de comemorar foi superior ao ano anterior. Além disso, a pesquisa também informava que grande parte do público elevaria o valor médio e utilizaria mais o cartão de crédito para suas compras, o que geraria uma elevação no número de endividados no Estado.
Em números, o percentual de 62,8% de junho equivale a 318.626 famílias endividadas, acréscimo de 1.680 lares de um mês para o outro, já em relação ao mesmo período de 2017, foram 24.349 famílias que conseguiram deixar o endividamento em um ano. Reflexo de que existe uma melhora na renda da população, apesar do alto desemprego que, atualmente, atinge mais de 700 mil pessoas em Pernambuco, e que o orçamento familiar se encontra menos restrito que nos períodos de crise acentuada, dando condições para que a população possa ter acesso aos bens e serviços essenciais e ainda possua renda disponível para consumir e amenizar as dívidas.
O resultado mostra, mais uma vez, que a educação financeira das famílias em Pernambuco apresenta melhora, com a taxa bem inferior ao mesmo mês de 2017, quando o percentual alcançou 68,0% das famílias, refletindo uma população que eleva o consumo, mas controla o seu nível de endividamento. É importante frisar que este novo perfil de parte da população, de um consumidor que valoriza mais a sua renda, pesquisando os melhores preços, procura não se endividar, pagando grande parte das compras em dinheiro, é muito positivo para o comércio e a economia de maneira geral, pois consegue manter um nível de consumo constante, gerando ciclos mais estáveis.
Já o percentual das famílias que possuem contas em atraso recuou em junho de 2018, saindo de 27,9% para 26,9%, o que, em números, equivale a 136.470 mil lares nesta situação, uma melhora mensal de 1,0%. A melhora também foi verificada no comparativo anual, onde a taxa, em 2017, era de 29,8%. Em um mês e um ano, em torno de 5.182 e 13.877 famílias, respectivamente, deixaram de apresentar dificuldades para pagar as suas dívidas, dando continuidade a uma melhora no perfil do consumidor pernambucano, em um mês em que existia uma grande apelo para a alta do consumo, com as festividades tradicionais já citadas anteriormente e a Copa do Mundo iniciada também em junho.
A situação mais crítica no Estado, que são as famílias que informam não ter mais condições de pagar as suas dívidas, também mostrou uma melhora, com a taxa caindo de 13,3% para 12,6% entre os meses de maio de junho de 2018. Já o comparativo anual, mostra uma melhora significativa, pois em junho de 2017 o nível de endividamento atingiu 17,8%. É importante destacar que, no período de um ano, em torno de 25.898 famílias saíram da inadimplência. Vale frisar também que a maioria das contas possui tempo de atraso acima de 90 dias (45,2%), uma piora em relação ao mês anterior, mas que reflete a inadimplência da população em situação mais crítica.
Quando se analisa o resultado por tipo de dívida, verifica-se que o tipo mais apontado continua sendo o cartão de crédito, atingindo 93,3%, seguido pelo endividamento com carnês, pelo fato do período de crédito mais restrito devido à crise, e crédito pessoal, que representam 19,9% e 7,3%, respectivamente. Para o mês de julho, espera-se uma manutenção ou mais uma moderada alta no endividamento das famílias, isto porque a Copa, com a Seleção Brasileira avançando para as fases finais, pode incentivar o consumo, além do mês ser, tradicionalmente, de recesso escolar, aumentando a probabilidade de elevação no consumo ligado ao setor de serviços, como alimentação e recreação.
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