Como se não fossem suficientes os desdobramentos da forte desaceleração econômica que vem afetando o país, retirando a confiança dos agentes para investir e consumir, desaquecendo as vendas do comércio, criando ociosidade na indústria e reduzindo a receita do poder público através da queda na arrecadação de impostos, os pernambucanos tem que enfrentar a mais uma paralisação das atividades dos rodoviários, que vêm dando mais combustível aos efeitos negativos da crise.
Os efeitos começaram na sexta-feira, dia 30 de junho, quando parte dos rodoviários aderiram à paralisação contra as reformas do atual governo, criando filas de ônibus no centro da cidade. O movimento, apesar de inferior à greve anterior, já foi capaz de impactar as vendas do comércio, reduzindo o número de pessoas que circulam nos grandes centros, criando defasagem na equipe de vendas e impedindo os trabalhadores de chegar aos postos de trabalho, bancos, médicos e demais compromissos.
A greve dos rodoviários, protesto justo em meio a uma negociação, vem sendo manchada pelo baixíssimo percentual de ônibus nas ruas. A paralisação vem gerando grandes transtornos a uma população que, já inserida em uma atmosfera de alto desemprego, luta por cada espaço em coletivos superlotados para chegar ao trabalho e não perder o dia.
Em um clima que já inspirava o início de uma recuperação com a intenção de compra do consumidor mostrando variação positiva nas últimas pesquisas do Instituto Fecomércio-PE, a já combalida economia pernambucana se vê obrigada a adiar a retomada do crescimento, a greve paralisa a dinâmica do comércio, criando altos custos aos empreendedores e adiando a geração de emprego e renda, além de afetar o setor público que arrecada menos impostos. O momento pede a criação de políticas para retomada do crescimento e a negociação junto aos rodoviários para que as atividades do transporte coletivo retornem, fator de extrema urgência.
Rafael Ramos, economista da Fecomércio PE
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