Mesmo com o recuo, a capital pernambucana ainda possui 425.477 famílias endividadas, afirma Fecomércio PE
Em maio, o número de endividados, no Recife, manteve-se em 81%, um nível próximo ao do Brasil, que é de 78,8%. É o que revelou o recorte local feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE) sobre a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Além disso, 19,4% das famílias com renda de até 10 salários mínimos declararam ser incapazes de pagar suas dívidas no próximo mês.
Segundo o recorte, ainda há 425.477 famílias endividadas na capital pernambucana. Aqueles com dívidas em atraso já somam 29,1% dos entrevistados, o que representa um total de 153.133 famílias inadimplentes. O recuo constante da inadimplência é uma boa notícia, pois responde aos incentivos para saldar suas dívidas e torna a liberar crédito aos consumidores.
Segundo a Peic/CNC, o principal tipo de endividamento é aquele contraído junto ao cartão de crédito (93,6% dos endividados), haja vista a disponibilidade de um valor pré-aprovado para rápida efetuação de compras. Além disso, a ampla aceitabilidade dos cartões de crédito institui uma tendência de maior uso entre os consumidores, notadamente para gastos de maior valor.
Para o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, o fato de que mais pessoas estão endividadas, mas com queda do uso do cheque especial e estabilidade na inadimplência, é um bom sinal. “O avanço no mercado de trabalho, apontado na última Intenção de Consumo das Famílias (ICF), também apurada pela CNC, revela uma maior parcela da população assalariada e, assim, com mais condições de arcar com seus pagamentos”, afirma Tadros. Segundo ele, projeções da CNC mostram que o aumento do endividamento deve continuar, enquanto a inadimplência tende a se manter estável e aumentar mais perto do fim do ano.
“A estabilidade no número de famílias endividadas, em Recife, em maio esconde um dado alarmante: 29,1% das dívidas estão em atraso, refletindo uma inadimplência. Com o desemprego em alta relevado pelo IBGE, é possível que existam reflexos danosos no índice de inadimplência. Muitos consumidores evitarão contrair novas dívidas, mas a incapacidade de pagar as já existentes persiste”, destaca o economista da Fecomércio PE, Rafael Lima.
A Pesquisa – A metodologia apresentada é específica para Recife-PE. Esta delimitação geográfica foi necessária devido à disponibilidade de dados mais detalhados e precisos na capital, o que garante maior rigor científico e confiabilidade nos resultados. A metodologia conta com um nível de confiança de 95% e um tamanho mínimo da amostra de 17.800 famílias. Além disso, a coleta de informações, em Recife, permite um acompanhamento mais próximo das particularidades econômicas e sociais da cidade. Essa abordagem assegura que as conclusões obtidas sejam mais representativas e relevantes para a população local, evitando generalizações que poderiam comprometer a precisão das análises.