A Fecomércio-PE realizou a pesquisa sobre o Dia dos Namorados 2020 entre 4 e 7 de junho com os consumidores pernambucanos
O levantamento tem o objetivo de informar aos empresários e gestores do varejo acerca da disposição dos consumidores em comemorar o evento do Dia dos Namorados, no que diz respeito à intenção de compras. A ideia da pesquisa é a de oferecer informações estratégicas à classe empresarial que possam auxiliar na tomada de decisões quanto às ações que lhes permitam alavancar as vendas. Para esta sondagem, foram realizadas 1.343 entrevistas com consumidores através de questionários enviados por canais digitais.
A atual conjuntura econômica aponta que o primeiro semestre de 2020 deve terminar com um cenário bem mais crítico do que se havia projetado no final de março. A economia pernambucana colhe os frutos de um período extremamente difícil devido à pandemia do novo Coronavírus (Covid-19). Os números são críticos e puxam a intensão de consumo da população para baixo, visto que os desdobramentos negativos da presença da infecção na população, além dos impactos no setor produtivo gerados pelas medidas de controle estabelecidos pelas esferas governamentais, minam a confiança dos consumidores e criam um comportamento conservador em relação às compras.
Diante do cenário extremamente adverso, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que, entre março e início de maio de 2020, o varejo nacional tenha perdido R$ 171,7 bilhões, representando uma queda de mais de 50%. Para Pernambuco, o impacto também foi significativo, pois, com cerca de 60% dos estabelecimentos comerciais fechados em todo o Estado, estima-se queda no faturamento de R$ 6,12 bilhões para o mesmo período.
O comércio pernambucano emprega de maneira formal quase 300 mil pessoas, o que representa aproximadamente 19% de todos os empregos do Estado. É importante destacar que, com a queda no faturamento do varejo, o setor empresarial é obrigado a adotar medidas de redução de custos e despesas, o que, inevitavelmente, se transformará em corte de vagas formais. Além disso, o comércio tem elevada importância na geração de riquezas do Estado, contribuindo com 14% da produção anual por meio de seu processo produtivo. O total de desocupados em Pernambuco é de 593 mil pessoas, no primeiro trimestre de 2020, a deterioração do mercado de trabalho é tanta que entre janeiro e abril foram encerradas 53.550 vagas formais, ante 25.698 do mesmo período do ano anterior.
A atual conjuntura econômica vem afetando o volume de vendas de datas importantes, como foi com o Dia da Mães, segunda data mais importante para o comércio em volume de vendas, mas que apresentou quedas expressivas nas compras das famílias por limitações de deslocamentos e em suas rendas. Assim como o Dia das Mães, o Dia dos Namorados tem a compra de presentes não essenciais como uma das principais tradições, o que também vai contribuir com a queda esperada para a data, mesmo com o início da flexibilização das atividades comerciais no estado de Pernambuco.
Diante dos desafios, a pesquisa realizada pela Fecomércio-PE aponta que 52% dos pernambucanos pretendem comemorar a data no dia 12 de junho. É importante lembrar que, em 2019, a entidade não realizou pesquisa para o período, não gerando uma base de comparação para os números atuais.
Vale destacar que, na análise por sexo, o público masculino é o que apresenta o maior percentual de comemoração, enquanto que a maioria das mulheres informa que não vai comemorar. A opção por comemorar também é maior para as faixas de idade mais novas, tendo adesão de 64% dos entrevistados, com idade entre 18 e 29 anos, e 52% para aqueles entre 30 e 49 anos. Já para os mais velhos, a pesquisa aponta que a maioria não deve realizar nenhum tipo de comemoração no período.
Já por classe de renda, verifica-se que 58% da população de menor rendimento, de um a dois salários mínimos, não pretendem comemorar a data. Vale destacar que a população que possui rendimentos nessa faixa é a que mais sofre diante da conjuntura atual, pois muitos destes tem a renda ligada à informalidade, e diante de um quadro de restrição de fluxo de pessoas viu o orçamento ir para praticamente zero.
Outro fato é que a renda do auxílio emergencial do Governo Federal é voltada para o consumo de bens essenciais, como alimentação, medicamentos e material de higiene, não sendo um recurso que dê cobertura para as eventuais perdas ocorridas para esta classe nos últimos meses. Já para a população com renda superior a dois salários mínimos, o percentual de pessoas que pretende comemorar de alguma forma é maioria.
A queda na renda e a restrição do comércio trazem uma configuração bem diferente de anos anteriores, pois a tradicional compra de presentes não foi a mais apontada nas formas de comemoração. Em 2020, a maioria pretende comemorar de uma maneira mais simples, mais reservada e mais barata, visto que a forma mais apontada foi o jantar na própria residência. Esse tipo de comemoração consegue se adequar às limitações atuais, já que bares, restaurantes, boates, shows, cinemas e teatros não podem atender da forma tradicional ou estão proibidos de abrir.
A compra de presentes foi a segunda opção mais indicada pelas pessoas que vão comemorar a data. Esta é uma comemoração mais cara e já era esperada essa redução no percentual de quem tradicionalmente comemorava desta forma. Além disso, a impossibilidade de comprar no comércio tradicional somada aos prazos de entregas mais longos pelos estabelecimentos que atuam no e-commerce devido à alta demanda neste período também contribuem para que a opção do presente seja preterida a uma outra opção mais barata. O valor médio para o presente ficou em R$ 136,34.
Os três principais tipos de presentes foram “Roupa ou acessórios de vestuários” e “Perfume e cosméticos”, itens que, tradicionalmente, são apontados pela maioria dos que decidem comemorar a data, seguindo de “Vinhos, destilados e outras bebidas alcoólicas”, que, pela primeira vez, é um dos mais apontados, justificado diante da conjuntura atual, visto que o consumo de bebidas alcoólicas cresceu com o isolamento. Outro destaque é que a maioria dos itens que apresenta indicação de consumo no período pelos entrevistados, como óculos, relógios, joias, bolsas e livros, são duráveis ou semiduráveis e possuem ampla oferta por canal digital.
Assim como a mudança na forma de comemoração e nos itens mais presenteados, a Covid-19, através da mudança no comportamento das famílias, também modificou o canal de vendas mais buscado para a realização do consumo voltado ao Dia dos Namorados. A forma mais apontada foi o site, canal que ganhou destaque diante de um comércio não essencial fechado e de impossibilidades de deslocamentos das famílias.
É importante destacar que parte das pessoas que realizou as compras via internet, como nos sites, redes sociais e aplicativos, consumiu por essa modalidade pela primeira vez. Diante disso, o treino forçado deste ipo de consumo gerado pelas ações de controle da epidemia e a maior facilidade das pessoas em verificar os mecanismos de segurança deste tipo de compra devem acelerar o ritmo de consumo digital, criando um alerta para os estabelecimentos que possuem apenas o canal de vendas físico.
Por fim, das pessoas que informaram que não iriam comemorar o Dia dos Namorados, em 2020, o motivo mais apontado foi a questão do isolamento social e a quarentena vivida pela população do estado de Pernambuco, seguido de outros motivos não especificados pelos entrevistados e pela falta de dinheiro no período. Este último, reflexo da elevação do desemprego e da queda na renda das famílias, além da alta do endividamento.
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