Por Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE
A inflação da Região Metropolitana do Recife (RMR), medida através do IPCA pelo IBGE, mostrou alta de 0,27% em janeiro, ante a variação de 0,18% verificada no mês anterior. O resultado também foi superior ao mesmo período de 2018, quando a taxa apresentou modesto crescimento de 0,03%. Esta é a maior variação desde julho de 2018, quando a inflação chegou a 1,47%, impactada pela falta de oferta dos produtos devido à greve dos caminhoneiros ocorrida no final de maio.
É importante destacar que um cenário mais otimista da população em relação ao rumos da economia pode gerar uma resposta mais rápida à política de incentivo ao consumo do Banco Central, que reduziu a taxa básica de juros de maneira significativa para que a demanda voltasse a ser aquecida. Diante de uma expectativa bem mais positiva que nos anos anteriores se espera que a redução do comportamento conservador gere uma elevação do nível de consumo das famílias e pressione os preços livres, aqueles que variam de acordo com oferta e demanda, atingindo assim grande parte dos itens do IPCA e criando uma pressão maior em 2019.
Este cenário já vem sendo precificado por grande parte dos analistas, que começam a projetar uma inflação maior este ano, porém ainda abaixo da meta de 4,5% ao ano. O grupo que mais pressionou o índice, em janeiro, foi “Alimentação e Bebidas”, com alta de 1,77%, sendo a maior variação desde julho de 2018 (1,99%). Porém, é importante lembrar que o crescimento significativo dos itens do grupo, na metade do ano anterior, foi ocasionado por um choque de oferta, o que não foi verificado neste mês.
A variação do preço do grupo foi a maior para os meses de janeiro, desde 2016, quando a taxa ficou em 2,69%. Os componentes da alimentação no domicílio foram os grandes responsáveis pela alta dos preços, em especial as hortaliças, legumes, frutas, além do feijão. Desta forma, a inflação atinge, principalmente, os de menor rendimento, que têm grande parte do orçamento voltado para o consumo de bens essenciais, como os de alimentação. O grupo contribuiu com 0.47 pontos percentuais, ante 0.03 do mês anterior, responsável por praticamente toda a variação do IPCA, que foi amenizado pela deflação mensal de outros grupos.
Na outra ponta, e conseguindo segurar a pressão do preço de alimentação, ficaram “Habitação”, “Vestuário” e “Transportes”. O primeiro recebendo influência dos recuos nos preços da energia elétrica residencial (-2,02%), continuidade de bandeira verde em janeiro no Estado, do botijão de gás (-1,69%) e do condomínio (-1,99%). O segundo recebendo impacto da queda no preço da gasolina (-2,72%) e o terceiro mostrou variação negativa por influência das liquidações e promoções voltados a zerar o estoque do final do ano, em especial das roupas femininas. Os demais grupos apresentaram variação positiva, mas não com força suficiente para pressionar o índice de maneira geral, com participação em pontos percentuais que não ultrapassaram 0.02 pontos.
No indicador que acompanha a variação dos preços em 12 meses, verifica-se uma elevação, após dois meses consecutivos de queda, saindo de 2,8% para 3,1%. Outro ponto importante é que a inflação da RMR ainda se encontra abaixo da brasileira, o que demonstra uma pressão dos preços menor na região, reflexo de um mercado de trabalho mais deteriorado que o nacional.
Os cinco produtos com as maiores variações, em janeiro de 2019, para a RMR foram o abacaxi (-32,57%), a batata-inglesa (-29,50%), o feijão-carioca (24,06%), a banana-prata (22,84%%) e o repolho (19,16%). Na outra ponta, os produtos que tiveram o preço apresentando variação negativa foram o leite longa vida (-5,92%), a chã de dentro (-5,07%), o televisor (-3,74%), o conjunto infantil (-3,33%) e o vestido infantil (-3,24%).
O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980 e se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande e Brasília.
Referências:
GERÊNCIA DE INVESTIMENTOS/BANCO CENTRAL DO BRASIL. Focus – Relatório de Mercado
Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) – IBGE
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