O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) pernambucanas, indicador utilizado para medir a avaliação que os consumidores em Pernambuco fazem sobre aspectos importantes da condição de consumo, como a sua capacidade de consumo, atual e de curto prazo, nível de renda doméstico, segurança no emprego e qualidade de consumo, presente e futuro, voltou a cair em julho de 2020.
É importante destacar que o indicador serve como um antecedente do consumo, a partir do ponto de vista dos consumidores, desta forma, crescimentos (redução) no indicador significam um aumento (queda) no consumo das famílias para o período indicado.
O indicador atingiu os 54,7 pontos, ante 59,1 de junho de 2020 e 77,3 do mesmo período do ano anterior. É importante lembrar que a intenção de consumo continua na zona de avaliação negativa, abaixo dos 100 pontos e esta condição vem desde agosto de 2015. O tempo na zona negativa indica que as famílias ainda não haviam se recuperado da crise econômica do biênio 2015/2016, visto que o período encerrou mais de milhares de estabelecimentos e empregos.
O mercado de trabalho deteriorado continua atuando para uma limitação na renda das famílias, além disso o endividamento elevado e o crédito ainda caro também desincentivam um nível de consumo mais forte. Essa condição já difícil foi somada ao cenário crítico criado pela pandemia da Covid-19 no Estado de Pernambuco, visto que os últimos meses foram de paralisação de parte do setor produtivo, demissões em massa, além do isolamento social impedindo a continuidade do consumo da população.
O índice variou -7,4% e -29,2% no comparativo mensal e anual. O primeiro comparativo começa a mostrar menor intensidade das variações negativas, visto que os dois meses anteriores apresentaram queda superior a dois dígitos, já o segundo comparativo ainda se encontra crítico e aponta que mesmo com uma tendência de menor intensidade dos impactos negativos nesses dois últimos meses, a conjuntura de 2020 é muito difícil quando comparado como o ano anterior.
A queda do indicador continua confirmando a atual situação crítica pela qual passa o consumo no estado de Pernambuco, onde grande parte das famílias continua com elevada restrição em sua renda, seja pela queda no faturamento dos negócios, com o fechamento das atividades não essenciais, do lado das empresas ou com a redução de jornada de trabalho e demissões do lado das famílias.
É importante observar que mesmo aquelas pessoas que não foram tão afetadas economicamente pela atual conjuntura, tiveram o nível de consumo reduzido por influência da atmosfera ainda conservadora mesmo após o plano de reabertura do comércio e menor rigor do isolamento social.
Vale destacar que mesmo com a injeção significativa do auxílio emergencial do Governo Federal no Estado de Pernambuco, que alcançou os R$ 2,2 bilhões de reais e segurou o consumo das famílias em itens essenciais como os de alimentação no segmento de hipermercados, não foi suficiente para manter um nível de consumo alto o suficiente para retomar a confiança local em relação as compras. A abertura do comércio é outra ação que vem atuando como amenizador do baixo consumo, visto que as famílias já podem voltar a comprar no comércio de rua.
Quando se analisa por classe de renda, verifica-se que ambos os grupos, os que possuem renda abaixo e acima de 10 salários, continuam mostrando queda no nível de consumo. Os de menor rendimento continuam com 52,8 pontos, refletindo as dificuldades com o mercado de trabalho e principalmente das funções menos especializadas que muitas vezes não podem ser realizadas de maneira remota. Já a população que possui um maior patamar de renda encerrou o mês com 74,9 pontos, o que reflete a queda no faturamento de grande parte dos empresários e de uma menor remuneração devido à redução de carga horária e salários para aqueles que estão alocadas em funções mais especializadas.
Na análise por indicadores, as maiores quedas, no comparativo mensal, encontram-se com as avaliações das famílias pernambucanas em relação à “Perspectiva de consumo”, que apresentaram variação negativa mensal de -11,3%. Este recuo reflete que a família espera a continuidade de uma conjuntura difícil em relação à obtenção de renda ainda para os próximos meses, dando manutenção ao movimento de consumo mais conservador adquirido na pandemia.
Para o mês de agosto, espera-se uma intenção de consumo com movimento de estabilidade ou de leve alta, já que plano de retomada dos negócios e menor isolamento social está em curso e teremos a comemoração do Dia dos Pais, data importante para o comércio, que tem um apelo grande e que consegue aquecer o consumo.
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