A inflação brasileira, medida através do IPCA, continua com tendência de queda iniciada no segundo semestre do ano passado. O mês de maio variou em 0,31% e apresentou um pico de alta quando comparado com a variação de 0,14% do mês anterior, porém se mostra bem abaixo do mesmo mês do ano anterior, em que a taxa atingia quase o dobro do valor atual, com 0,78% de alta. Vale destacar que este é o valor mensal mais baixo para o mês de maio desde 2007, quando o IPCA cresceu 0,28%. A diferença entre os meses de maio de 2016 e 2017 são explicados pela queda brusca da inflação de alimentação e bebidas, que após mostrar pressão no ano anterior, mostrou deflação neste último resultado. O grupo de Alimentação e bebidas possui peso alto na composição geral da taxa, já que é de consumo diário das famílias, e variações mínimas tendem a modificar o resultado geral. A super colheita verificada no início do primeiro semestre tendem a reduzir ainda mais a pressão no grupo, criando uma oferta de produtos maior em uma demanda já recuada, o que fará que parte dos preços de alguns itens apresentem quedas expressivas. Além do grupo citado, outros importantes grupos também mostram desaceleração significativa como “Artigos de residência”, “Saúde e cuidados pessoais” e “Despesas pessoais”.
No acumulado do ano, janeiro a maio, a inflação alcança crescimento de 1,42%, o mais baixo valor desde maio do ano 2000, quando o acumulado foi de 1,41% para os cinco primeiros meses do ano. Quando comparado ao ano anterior, é clara a tendência de queda inflacionária, pois a taxa no mesmo período de 2016 era de 4,05%. Os principais responsáveis pela desaceleração do indicador foram os grupos de “Alimentação e bebidas”, que saiu de uma alta de 6,61% para 0,47%, “Artigos de residência”, saindo de 3,08% para -0,72%, e “Transportes”, que recuou de 1,99% para -0,34%.
A desaceleração fica ainda mais evidente no acumulado em 12 meses, pois o movimento de recuo inflacionário apresenta forte velocidade, o índice saiu de 9,3% em maio de 2016 para 3,6% em maio de 2017. Este também é a menor variação acumulada para o índice desde maio de 2007, quando a taxa ficou em 3,18%. Os grupos de maior pressão foram “Educação”, “Saúde e cuidados pessoais” e “Despesas pessoais”, que acumulam alta de 8,04%, 7,84% e 5,32%, respectivamente. Contribuindo para a continuidade da inflação em baixa e apresentando as menores pressões ficam “Artigos de residência” (-0,40%) e os “Transportes” (1,84%). A dinâmica dos preços ainda é muito impactada por um mercado de trabalho ainda em processo de deterioração, com a taxa de desocupação alta, é um dos principais motivos para a queda acelerada da inflação, porém vale destacar também as políticas para controle dos gastos públicos, além da reforma previdenciária, contribuem para que as expectativas da inflação sofram redução, auxiliando o processo de controle dos preços.
As projeções do mercado, captadas pelo Banco Central, voltaram a ficar distantes do observado em maio de 2017. A taxa esperada pelo último Boletim Focus era de 0,46%, valor que mostrou redução durante as 4 semanas do mês, pois na primeira semana a estimativa era de 0,51%. Este resultado que fará com que as expectativas inflacionárias sejam reajustadas para baixo, impactando assim as projeções dos próximos meses. Para junho os analistas acreditam em uma taxa de 0,20%, que tem grande possibilidade de ser reduzida nas próximas divulgações. Para 2017 a inflação anual esperada já se encontra bem abaixo da meta, com valor de 3,90%, para o ano seguinte se encontra em 4,40%. O cenário de uma inflação controlada e agora mais próxima do piso da meta de 4,5% continuará dando condições do Banco Central promover cortes maiores na taxa básica de juros. A taxa Selic, voltou a cair, desta vez o corte foi de 1,0%, saindo de 11,25% para 10,25% ao ano, os analistas esperam que ao final de 2017 a taxa encerre em 8,5%.
A Região Metropolitana do Recife (RMR) apresentou a maior taxa de inflação entre as áreas pesquisadas pelo IBGE, atingindo 0,72% em maio de 2017, o valor mostrou-se bem acima da média, com uma variação quase duas vezes maior que a segunda maior taxa. Este valor é maior que no mês anterior e inferior ao mesmo mês do ano anterior, quando as taxas foram de 0,49% e 0,90%, respectivamente. O IPCA da RMR apresentou desaceleração na maioria dos grupos, como “Alimentação e bebidas”, “Artigos de residência”, “Transportes”, Despesas pessoais” e Comunicação, além de ter o grupo educação com variação quase nula, porém o crescimento verificado em “Habitação” foi grande o bastante para pressionar a taxa geral. Os itens relacionados a habitação cresceram 4,72%, ante recuo de -0,62% do mês anterior, influenciado principalmente pela alta da cobrança de energia elétrica, que apresentou variação positiva de aproximadamente 24,05%, o maior reajuste de todas as regiões metropolitanas e cidades presentes na pesquisa.
No acumulado do ano a RMR mostrou crescimento de 2,35%, apesar do crescimento acima da média verificado no mês de maio, o acumulado do período é o mais baixo desde maio de 2009, quando o IPCA atingiu 2,04%. Em 2016, ano de pressão inflacionária forte, o indicador atingiu 4,22% nos cinco primeiros meses do ano, o que já mostrava uma inflação bastante alta no primeiro semestre. O recuo nos reajustes dos itens dos grupos de “Alimentação e bebidas”, “Artigos de residência” e “Vestuário”, conseguiram fazer com que o acumulado de 2017 ainda fosse inferior ao dos últimos anos. No acumulado em 12 meses, a RMR apresenta alta de 5,2%, acima do valor verificado na média nacional, mas ainda continua mostrando desaceleração com o segundo resultado consecutivo com redução da taxa.
Os cinco produtos com maior variação positiva em maio de 2017 para a RMR foram a energia residencial (24,1%), chocolate em barra e bombom (13,2%%), manga (11,6%), feijão-carioca (11,4%) e o coentro (9,7%). Na outra ponta os produtos que tiveram o preço apresentando variação negativa foram a passagem aérea (-15,3%), mandioca (-10,0%), alface (-9,5%), laranja-pera (-8,8%) e a melancia (-6,6%).
Referências:
GERÊNCIA DE INVESTIMENTOS/BANCO CENTRAL DO BRASIL. Focus – Relatório de Mercado
Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) – IBGE
Fonte: Instituto Fecomércio-PE
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