A inflação brasileira, medida através do IPCA, segue a tendência de queda iniciada no segundo semestre do ano passado. A taxa de abril de 2017 variou 0,14%, valor inferior a abril de 2016 e março de 2017, que cresceram 0,61% e 0,25%, respectivamente. Vale destacar que esta também é a menor variação para os meses de abril desde a criação do Plano Real em 1994. Porém, a alta dos reajustes continua sendo influenciada por uma demanda bastante retraída, com a população apresentando elevado nível de desconfiança devido uma a taxa de desemprego crescente, no primeiro trimestre de 2017 chegou a 13,7%, atingindo mais de 14 milhões de brasileiros. Outro importante fator que contribue no desaquecimento econômico e consequentemente na dinâmica de reajustes, é o crédito ainda bastante restrito, mesmo após o ciclo de redução de juros se mostrar agressivo, e endividamento das famílias brasileiras em patamar preocupante. Sendo assim, o cenário econômico atual, que cria um comportamento conservador na demanda agregada, aliada a uma política econômica que vem apresentando projetos e importantes reformas, que visam o controle dos gastos públicos e acaba reduzindo a expectativa inflacionária, dão força a uma redução mais veloz e robusta.
No acumulado do ano, janeiro a abril, a taxa variou 1,10%, resultado bem abaixo do verificado no mesmo período do ano anterior (3,25%), além disto, este é o mais baixo acumulado para os quatro primeiros meses do ano desde o início do Real. A principal contribuição para a queda no comparativo entre os acumulados de abril de 2016 e 2017, foi o recuo nos preços de “Alimentação e bebidas”, que entre um ano e outro foi de uma alta de 5,79% para modesto crescimento de 0,82%.
O comportamento dos preços acumula nos últimos 12 meses uma alta de 4,08%, abaixo dos 9,28% verificados no mesmo período do ano anterior e o menor valor para o indicador desde julho de 2007, quando houve alta de 3,74%. A inflação brasileira enfim fica abaixo da meta de 4,5% ao ano determinada pelo Conselho Monetário nacional (CMN), mostrando um controle da variável que contribuirá para o retorno do crescimento econômico, já que a inflação vem reduzindo o impacto na negativo no poder de compras das famílias.
Na análise do índice por tipo de grupo, verifica-se que a maior contribuição para a formação global da taxa veio de “Alimentação e bebidas” e “Saúde e cuidados pessoais”, que avançaram 0,58% e 1,0%, respectivamente. O primeiro grupo foi impactado pelos reajustes nos preços de alguns alimentos que compõem o tradicional almoço do brasileiro, como batata-inglesa, tomate e o alho. Já o segundo sofreu influência na alta dos preços dos produtos farmacêuticos, óticos, dos serviços de saúde e cuidados pessoais. Também pressionaram a taxa os preços de “Vestuário”, que apresentou alta de 0,48% devido a elevação dos preços das roupas femininas e as infantis, e “Comunicação” com crescimento de 0,55% devido aos itens telefone celular e telefone com internet (pacote). Na outra ponta, os grupos que mostraram recuos em relação ao mês anterior, com força suficiente para deixar o IPCA com o menor valor para meses de abril desde a criação do Plano Real, foram “Habitação” (-1,09%) impactado pela redução da tarifa de energia elétrica residencial, “Artigos de residência” (-0,28%) que mostrou redução em móveis e utensílios e nos aparelhos eletroeletrônicos, e por fim o grupo dos gastos com “Transportes” (-0,06%), que variou negativamente puxado pela queda no preço dos combustíveis (veículos).
É importante frisar que o IPCA de abril de 2017 ficou abaixo das projeções de mercado captadas através do Boletim Focus do Banco Central. Os analistas aguardavam um avanço de 0,18% em abril, valor este que veio sendo reajustado para baixo, pois quatro semanas antes os analistas projetavam alta de 0,31%. O movimento de grandes reajustes no valor do IPCA esperado durante as quatro semanas mostra que de fato a tendência inflacionária é de queda, para o mês seguinte o mercado espera crescimento de 0,51%, para dezembro de 2016 o acumulado em 12 meses esperado é de 4,01%, abaixo da meta de 4,5% ao ano, já para 2017 o mercado espera uma pressão maior, mas também abaixo da meta, entorno de 4,39%. A queda do IPCA, vem dando condições para que o Banco Central possa reduzir a taxa Selic, que atualmente se encontra em 11,25%, com os analistas esperando que as quedas levem a taxa para 8,50% no final de 2016, dando condições de uma recuperação econômica mais rápida.
A Região Metropolitana do Recife (RMR) mostrou a segunda maior variação positiva entre as regiões presentes no IPCA, com taxa de 0,49% em abril de 2017, a RMR ficou atrás apenas de Brasília (0,54%). Vale destacar que apesar do destaque entre as regiões, a taxa foi inferior ao mês anterior e ao mesmo mês do ano anterior, que havia apresentado alta de 0,54% e 0,69%, respectivamente. No acumulado do ano a Região Metropolitana do Recife apresenta taxa de 1,61%, valor bem abaixo do verificado no mesmo período de 2016, quando a taxa se encontrava em 3,28%. Apesar de apresentar índices maiores que o nacional, o movimento dos reajustes dos preços em Pernambuco também apresenta redução forte e veloz, a demanda agregada pernambucana também sofre com alto desemprego, o que também gera um comportamento conservador das famílias, que evitam consumo e retiram parte da pressão dos preços. O acumulado em 12 meses chegou a 5,35% em abril de 2017, ante 5,56% do mês anterior e os 9,82% verificados no mesmo período de 2016. Na análise por grupo, verifica-se que os de maior pressão foram “Transportes” e “Comunicação” que tiveram alta de 2,33% e 2,70% em abril, impactados por reajustes nos preços de itens como gasolina, no primeiro grupo, e telefone celular, no segundo.
Os cinco produtos com maior variação positiva em janeiro de 2017 para a RMR foram a tomate (30,4%), batata-inglesa (25,0%), gás botijão (7,2%), ovo de galinha (6,9%) e a ônibus-urbano (6,6%). Na outra ponta os produtos que tiveram o preço apresentando variação negativa foram a maçã (-15,5%), inhame (-15,4%), coentro (-13,7%), energia elétrica residencial (-10,0%) e o açúcar-cristal (-8,8%).
Referências:
GERÊNCIA DE INVESTIMENTOS/BANCO CENTRAL DO BRASIL. Focus – Relatório de Mercado
Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) – IBGE
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