*Por Ademilson Saraiva, da Assessoria Econômica da Fecomércio-PE
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), calculado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), é um indicador antecedente, que capta a percepção dos tomadores de decisão nas empresas do varejo quanto ao ambiente de negócios, considerando a sua perspectiva sobre a economia brasileira, o setor de comércio e a situação da sua empresa. O ICEC é composto por três sub-índices que avaliam, respectivamente, as condições atuais (ICAEC), as expectativas de curto prazo (IEEC) e as intenções de investimento (IIEC).
ÍNDICE DE CONFIANÇA CONSOLIDADO – O índice de confiança do empresário do comércio (ICEC), registrou mais uma queda em janeiro, passando de 114,5 pontos para 112,5. Vale ressaltar que o indicador já havia apresentado retração em dezembro, quando caiu de 115,7 para 114,5 pontos. Na comparação anual, o ICEC consolidado teve alta de 10,3%, com relação a janeiro de 2021.
O recuo em relação ao final de ano foi protagonizado pela queda na confiança das micro e pequenas empresas, que emprega menos de 50 pessoas, cujo índice oscilou de 114,3 para 112,3 pontos. Entre as empresas de médio e grande porte, com 50 ou mais pessoas empregadas, o índice de confiança manteve estável na passagem de 2021 para 2022, mantendo-se no patamar de 122,5 pontos. Em termos de nível de confiança, portanto, percebe-se ampliação do descolamento entre a percepção das empresas maiores e os pequenos negócios, com diferença de 10 pontos entre as perspectivas de cada perfil.
CONDIÇÕES ATUAIS DO AMBIENTE DE NEGÓCIOS – O componente do ICEC que avalia a situação do ambiente de negócios do ponto de vista dos empresários do comércio no estado, o ICAEC, manteve-se praticamente estável na passagem de ano. Em dezembro, esse subíndice havia registrado queda de 94,8 para 92,9 pontos, ficando em 92,1 pontos no mês de janeiro. Na comparação anual, por outro lado, o ICAEC teve crescimento de 20,1% em relação a janeiro de 2021, quando era de 76,7 pontos.
A avaliação desse componente indica que os empresários do setor se encontram cautelosos diante de incertezas com relação ao primeiro semestre de 2022. A expectativa inflacionária e o avanço do contágio de Covid-19 no estado devido à disseminação da variante Ômicron tem sido acompanhada com preocupação pelos empresários do varejo, que temem um impacto sobre a sensação de segurança e, consequentemente, sobre confiança dos consumidores, ou mesmo um retorno de medidas mais restritivas neste primeiro trimestre.
Ressalta-se o fato de que esse é único subíndice do ICEC que ainda não retomou um nível de confiança considerado satisfatório, se encontrando abaixo de 100 pontos desde abril de 2020, quando caiu de 108,9 para 92,5 pontos. Essa é a perspectiva tanto do ponto de vista das empresas com menos de 50 pessoas empregadas, quanto das empresas de maior porte, com mais 50 ou mais colaboradores.
Quando se observa o perfil de oferta – ou seja, entre as categorias de uso dos produtos vendidos –, os empresários do comércio de produtos semiduráveis (roupas, calçados, acessórios, material de escritório etc.) são os únicos otimistas sobre o momento atual do ambiente de negócios.
Nessa categoria, o índice alcançou 118,6 pontos, variando 7,6% na passagem para o novo ano. Não obstante o avanço do contágio após o final de ano, o início de um novo ano guarda sempre expectativas para a rotatividade do mercado de trabalho, efetivações ou novas contratações, impulsionando o comércio de vestuário e calçados. Junta-se a essa perspectiva o retorno das atividades escolares, melhorado pelo aumento da segurança sanitária, com a liberação dos imunizantes para crianças e adolescentes, impulsionando a venda de materiais escolares, bolsas e calçados.
Nas categorias de vendas de produtos duráveis (86,2 pontos em janeiro, variação de -7,2% em relação a dezembro) e de produtos não duráveis (79,3 pontos, mesmo patamar do mês anterior), a avaliação dos empresários ainda é de um ambiente de negócios insatisfatório no início do ano. Por um lado, observa-se um cenário pouco favorável para o consumo de bens duráveis (móveis, eletros e veículos, por exemplo) no curto prazo, tendo em vista as condições mais críticas para o crédito em 2022, por outro, destaca-se o aumento constante das expectativas para a inflação ao consumidor, que deve seguir pressionado pelos preços de alimentos, combustíveis e energia elétrica, ao menos durante o primeiro semestre.
EXPECTATIVAS SOBRE A ECONOMIA NO CURTO PRAZO – O subíndice que acompanha as expectativas dos empresários sobre o desempenho da economia nos próximos meses, o IEEC, manteve-se estável na passagem de ano, ficando em 142,4 pontos em janeiro. Na comparação com janeiro de 2020, IEEC cresceu 4,0%.
Esse é o componente que registra a melhor avaliação segundo os empresários do varejo, permanecendo em um patamar muito acima do nível de satisfação, que é de 100 pontos. Além disso, essa avaliação é compartilhada por ambos os perfis de porte empresarial: 142,3 pontos entre as empresas com menos de 50 colaboradores e, muito próximo, 144,9 pontos entre as empresas com mais de 50 pessoas empregadas.
A visão otimista sobre o futuro no curto prazo, em um horizonte de seis meses, também é compartilhada entre os empresários quando se considera as categorias de venda, embora com alguma diferenciação sobre o nível de confiança: 152,4 pontos entre as empresas de produtos semiduráveis; 149,7 pontos entre empresas de produtos duráveis; 125,7 entre empresas de não duráveis.
INTENÇÕES DE INVESTIMENTO NO CURTO PRAZO – O sub-índice que consolida as intenções de investimento no curto prazo, por sua vez, apresentou o primeiro recuo (-4,6%) após sete meses em ascensão, mas permanecendo em um nível que evidencia satisfação com a perspectiva de aquecimento das atividades nos próximos meses: 103,1 pontos, com diferenciação expressiva entre a percepção dos negócios menor porte (102,5 pontos) e aqueles de porte maior (126,3 pontos).
O recuo do indicador em janeiro foi influenciado, principalmente, pelo aumento no percentual de empresários com a intenção de reduzir o quadro de funcionários: de 12,0% em dezembro para 20,3% em janeiro. Entretanto, se observa também redução no percentual daqueles que vislumbram um nível de investimentos maior nos próximos meses (de 52,3% para 47,8%), bem como aumento no percentual de empresários que consideram adequada, ou acima da adequada, a situação do estoque (88,6% para 90,3%) e, portanto, não projetam ampliá-los nos próximos meses.
Leave a Comment