O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) de Pernambuco, que mede a percepção que os empresários do comércio têm sobre o nível atual e futuro de propensão a investir em curto e médio prazo, mostrou redução pelo quarto mês seguido, mais uma vez com redução bem menos intensa do que a verificada nos meses anteriores.
O indicador atingiu queda mensal de -0,7%, saindo de 72,9 para 72,4 pontos. A baixa variação mensal é fruto dos efeitos da liberação das restrições impostas ao comércio não essencial, a partir de março, quando aproximadamente 60% dos estabelecimentos comerciais não essenciais do Estado foram fechados, impossibilitando a venda com a presença física do consumidor.
É importante lembrar que o cenário de combate à pandemia impôs duros impactos ao setor produtivo e continua atuando mesmo após o movimento de retorno à normalidade, com o varejo pernambucano registrando queda superior a 7 bilhões de reais no faturamento entre março e junho.
Com a autorização de retorno das atividades não essenciais, uma menor restrição e medo das famílias em relação ao isolamento social, nível um pouco maior de consumo do que o verificado nos meses anteriores e o início de reversão dos prejuízos, dão condições para que a confiança do empresário passe a deteriorar de maneira menos intensa e possa iniciar o retorno à zona de avaliação positiva ainda no segundo semestre de 2020.
Lembrando que, apesar da queda em proporção menor, este é o menor resultado para a avaliação da confiança empresarial do comércio da série histórica iniciada em 2011. Vale destacar também que o indicador permanece na zona de avaliação negativa, abaixo dos 100 pontos, o que implica em um ambiente ainda difícil para a maioria dos empresários pernambucanos.
O recuo continua expressivo quando se compara com o mesmo período de 2019, com variação negativa de 27,7%, mas é importante lembrar que a queda no mês anterior foi maior (-30,9%), continuando a sinalização de que a flexibilização vem contribuindo para uma queda menos intensa da confiança empresarial no setor do comércio.
O indicador em Pernambuco apresentou movimento inverso ao nacional, visto que a confiança do empresário a nível Brasil atingiu os 69,3 pontos em julho, voltando a crescer e apontando que o otimismo a nível nacional pode se recuperar de maneira mais veloz que a estadual. O retorno das atividades comerciais na maioria das regiões metropolitanas, além de uma maior adesão dos setores produtivos para as políticas de minimização dos impactos negativos da Covid-19, como o acesso ao crédito emergencial e as políticas voltadas à redução do peso nos pagamentos da folha salarial, contribue para que a confiança a nível nacional retorne de maneira mais rápida. Recuperação importante, visto que a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estimou uma queda no faturamento superior a R$ 240 bilhões no comércio brasileiro até o final de junho, com as quedas semanais apresentando uma menor intensidade e criando uma projeção para o setor em melhor situação daquela gerada até maio.
Quando se analisa os sub indicadores da pesquisa verifica-se que quase todas as avaliações apresentaram recuo, com as maiores quedas, mais uma vez naqueles que medem as condições correntes da economia, da empresa e do setor do comércio, atingindo em julho queda de -13,9%. Segundo os empresários, além das condições correntes, o nível de investimentos e de estoque continua em situação crítica e permanece na zona de avaliação negativa. Este cenário era esperado, visto que o momento continua com desincentivo para investimentos, com o crédito basicamente voltado à contenção dos efeitos negativos. Detalhe apenas para o nível de estoques, que continua elevado, mas diante de um maior consumo via canais digitais vem apresentando uma modesta melhora.
Na outra ponta, e refletindo os efeitos positivos da flexibilização do varejo no estado e em outras unidades da Federação, as avaliações em relação às expectativas do empresário em relação à economia brasileira, ao setor do comércio e às empresas comerciais, tiveram variação positiva e continuam com avaliação acima dos 100 pontos. Para o próximo mês, é provável que a confiança do empresário ainda inicie o processo de variação positiva e início da retomada da confiança, seguindo movimento igual ao verificado no indicador nacional.
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