Por Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) pernambucano mostrou a quinta alta consecutiva no percentual de endividados, saindo de 66,7% para 66,8% entre novembro e dezembro. É importante destacar que a elevação mensal foi modesta para um mês onde se concentra grande volume de consumo das famílias e que este comportamento mais conservador foi antecipado pela Pesquisa de Sondagem de Opinião de Fim de Ano, realizada pelo Instituto Fecomércio-PE, em parceria com o Sebrae, que apontou queda na intenção de consumo na comemoração do Natal e do Ano Novo 2018.
Além disso, a maioria apontou que pagaria os produtos e serviços à vista, o que também reduz o endividamento. A quase estabilidade da taxa é um fato positivo, pois continua abaixo do mesmo período do ano anterior (66,9%), o que confirma a melhora na educação financeira de parte das famílias no Estado. O número de endividados no Estado apresentava um movimento de recuos significativos, saindo de 79,8% em 2010 para 53,3% em 2013. O movimento de queda foi quebrado no período pré-crise (2014), mostrando um salto significativo, ficando em níveis elevados até o presente momento.
A taxa encerra 2018 com o segundo menor valor da série histórica, impactada pela crise econômica, que forçou uma melhora na educação financeira. A demora a um percentual mais baixo tem como principal fator o quadro ainda bastante deteriorado do mercado de trabalho pernambucano, que, segundo o IBGE, ainda possui elevada taxa de desocupação e estabilidade no rendimento médio dos ocupados.
Em números, o percentual de 66,8% de dezembro equivale a 340.010 famílias endividadas, acréscimo de apenas 553 lares em um mês. Já em relação ao mesmo período de 2017, diferente do que foi observado no resultado de novembro, o número de endividados recuou, com 1.381 famílias, em 12 meses, que deixaram o grupo de endividados. Já o percentual das famílias que possuem contas em atraso mostrou alta em dezembro, indo de 26,0% para 26,4%. Já o comparativo anual voltou a apresentar melhora, onde a taxa no mesmo mês de 2017 era de 29,2%, o que equivale a 13.585 famílias deixando de apresentar dificuldades para pagar as suas dívidas.
A situação mais crítica no Estado, que são as famílias que informam não ter mais condições de pagar suas dívidas, mostrou melhora significativa nos comparativos mensal e anual, com a taxa saindo de 13,0% em novembro de 2018 e 18,0% em dezembro de 2017 para 12,1% em dezembro de 2018. Em torno de 4.645 e 29.444 famílias, no período de um mês e um ano, respectivamente, deixaram a delicada situação de não poder pagar as dívidas.
Quando se analisa o resultado por tipo de dívida, verifica-se que o tipo mais apontado continua sendo o cartão de crédito, com modesta queda em relação ao mês anterior, atingindo 93,8%, seguido pelo endividamento com carnês e cheque especial, que representam 22,9% e 5,9%, respectivamente. Vale destacar também que na composição do grau de endividamento as famílias com rendimento mais baixos ainda são as que mais sofrem com o atual quadro.
Outra informação importante para a tendência do endividamento em janeiro é de que recente pesquisa do CNDL apontou que grande parte da população brasileira pretende se livrar das dívidas no início de 2019, o comportamento é bastante positivo e confirma a melhora da gestão financeira das pessoas, o que aumenta a probabilidade da taxa de endividamento mostrar manutenção ou modesto recuo.
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