- Por Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) de Pernambuco, que mede a percepção que os empresários do comércio têm sobre o nível atual e futuro de propensão a investir em curto e médio prazo, mostrou a quarta alta consecutiva e voltou à zona de avaliação positiva. Os números confirmam que o comportamento da confiança empresarial, no segundo semestre, é bem mais positivo que no primeiro, resultado da reabertura dos estabelecimentos considerados não essenciais e de uma resposta mais rápida do consumo em segmentos específicos.
O comércio vem sendo beneficiado pelas políticas emergenciais que socorreram grande parte das famílias e empresários, além de visualizar um período menos turbulento a partir de 2021. A recuperação foi claramente em “V”, apontando que os impactos negativos, apesar de intensos, estão sendo amenizados nos últimos meses do ano.
O ICEC cresceu 4,8% entre outubro e novembro, saindo de 99,9 para 104,7 pontos, mais uma vez puxado pelos números positivos do movimento das vendas do comércio pernambucano nos meses anteriores e pela expectativa positiva trazida pela Black Friday de 2020, onde o volume deve crescer a taxas elevadas com projeções que atingem 20% em algumas instituições que acompanham o comércio eletrônico. Além do resultado das vendas, a confiança também vem sendo influenciada, mais uma vez, pela manutenção do consumo das famílias diante da continuidade, apesar da queda no valor do benefício, do auxílio emergencial até dezembro de 2020. Sem falar no pagamento do 13º salário para a população ocupada formal e os aposentados/pensionistas que vão compensar a queda no valor do auxílio emergencial e pode injetar aproximadamente R$ 6 bilhões de reais nos dois últimos meses do ano.
A adesão da Black Friday por grande parte do comércio e das famílias em 2020 pode fazer da festa a primeira com crescimento real no ano, alta real de 1,8%, segundo a CNC, além de movimentar quase R$ 4 bilhões de reais em todo o Brasil nos dias de maior consumo. A elevação da maturidade digital das famílias diante da utilização de canais digitais durante os períodos críticos de isolamento social pode fazer com que as vendas deste ano apresentem recorde, o que se torna outro ponto importante para a melhora da confiança do comércio brasileiro e pernambucano.
As atividades mais positivas, nos últimos meses, e que ainda vem puxando a recuperação do comércio continuam sendo do setor de eletrodoméstico, respondendo a uma demanda extremamente elevada das famílias que durante o período de restrição mais significativa precisou usar de maneira mais intensa estes aparelhos devido ao isolamento social e que deve ter impulso com as compras da Black Friday 2020. Além dos móveis, puxados pela necessidade da montagem dos escritórios home office, que também vem tendo adesão pós reabertura e dando manutenção ao aquecimento das vendas, e do segmento de material de construção, que também cresce devido à necessidade de permanência em residências e pela necessidade dos estabelecimentos de se adequarem às normas de saúde.
Por fim, o segmento de hiper e supermercados continua com alta modesta, mas positiva diante da necessidade de um maior consumo destes itens para as pessoas que ainda continuam em isolamento, mesmo após a permissão de reabertura dos estabelecimentos. Estes três segmentos são os que mais devem faturar com a data em novembro, tornando-se os motores da reversão do sinal negativo das vendas.
As ações emergenciais criadas pelo Governo Federal e que foram voltadas às famílias também continuam contribuindo com parcela relevante da retomada da confiança do setor do comércio. O auxílio emergencial continua atenuando a queda na renda das famílias. Só em Pernambuco injetou mais de R$ 10,7 bilhões de reais entre abril e outubro de 2020. Vale destacar também que aproximadamente 41% da população pernambucana foi beneficiada com auxílio.
Analisando os sub indicadores da pesquisa, verifica-se que quase todas as avaliações voltaram a apresentar alta mensal. O destaque mais uma vez ficou com o Índice de Condições Atuais do Empresário do Comércio, dando continuidade a uma melhora no ambiente de negócio com a reabertura e o menor grau de isolamento social das famílias. O segundo indicador mais bem avaliado, em setembro, foi o de Investimento, sinalizando que o setor tem confiança no médio e longo prazo do comportamento econômico. Já a avaliação das expectativas foi negativa, o que pode estar sendo influenciado pela ressaca de consumo que se desenha para o primeiro trimestre de 2021.
Para o próximo mês, espera-se que a confiança continue com variação positiva assim como o resultado nacional continue acima dos 100 pontos, visto que o mês de dezembro possui o Natal, data mais importante do calendário de compras das famílias e a primeira em importância quando se analisa o faturamento para o comércio.
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