O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) de Pernambuco, que mede a percepção que os empresários do comércio têm sobre o nível atual e futuro de propensão a investir em curto e médio prazo, voltou a mostrar variação mensal negativa de -1,8%, saindo de 126,1 para 123,9 pontos. Esta é a primeira queda após sete altas consecutivas e já sinaliza que os primeiros efeitos da epidemia do Coronavírus (Covid-19) começam a deteriorar a confiança do empresariado.
Esta é a menor confiança, desde novembro de 2019, quando o indicador estava em 124,0 pontos. Vale destacar que, em novembro do ano passado, a conjuntura era bem menos adversa, com um nível de consumo em recuperação. O setor começa a não visualizar um ambiente propício à recuperação das vendas no curto prazo, onde o volume de negociação no trimestre atual comparado imediatamente ao anterior mostra uma população em ritmo de consumo bastante lento.
Os transtornos causados pela infecção do Coronavírus (Covid-19) na saúde e na economia de todo o país contribuem para adiar a recuperação ao qual o setor produtivo pernambucano e em especial o do comércio de bens, serviços e turismo vem passando. O momento pede atenção do setor público e privado, visto que os impactos sentidos por países que já passaram pelo momento de pico das infecções são significativos.
Grandes players do comércio internacional estão com paralisação da economia devido ao foco de contenção da doença, como China, Estados Unidos, Alemanha e Japão, o que também traz desdobramentos negativos para o nosso comércio externo, visto que reduz o nível de demanda desses países pelos nossos produtos, além de criar restrições para a produção nacional que necessita de componentes importados. Desta forma, já se esperava redução na confiança dos empresários do setor, com provável retorno à zona de avaliação negativa.
A conjuntura econômica, já nos primeiros meses, teve tempo de gerar sinais para crer que o ano de 2020 apresentará um desempenho bem inferior aos últimos anos, o contrário do que havia se projetado em janeiro. A expectativa é de um crescimento abaixo ou próximo de zero para o país, o que implica em geração de incertezas para quem investe, reduzindo assim o montante de investimentos produtivos que poderiam amenizar a atual situação de paralisia do País.
O PIB potencial, produção esperada, a partir do uso dos recursos atualmente disponíveis, se encontra bem acima do PIB efetivo, o que implica em uma economia que vai perder a oportunidade de produzir em um nível mais elevado, no primeiro semestre, criando espaço para uma maior taxa de desemprego, reduzindo assim renda e desenvolvimento.
O estado de Pernambuco já apresentava, antes da crise da saúde gerada pelo covid-19, um mercado de trabalho ainda muito deteriorado, com incapacidade de geração de emprego formal que possa reverter o baixo nível de confiança das famílias, impondo ao setor de comércio resultados cada vez mais negativos, o que obrigava os empresários a rever mensalmente as estratégias para o negócio. A difícil conjuntura, somada à atual dificuldade, pode resultar em indicadores com níveis extremamente preocupantes, criando um longo caminho para a recuperação.
É importante frisar que os sucessivos anúncios dos governos municipais, estadual e federal são importantes para criar um choque contrário e assim minimizar os desdobramentos negativos da crise. Porém, as ações adotadas em relação à economia ainda podem ser consideradas tímidas, necessitando assim de um maior envolvimento e injeções mais robustas de recursos para que o setor produtivo e as famílias possam enfim ver possibilidade de reversão dos efeitos nefastos da crise no médio prazo.
Quando se analisa as avaliações dos empresários, verifica-se que todas as avaliações apresentaram recuo, em especial as que medem as condições atuais da economia, da empresa e do setor de comércio. Segundo os empresários, as condições correntes são as que mais conseguem deteriorar a confiança local, refletindo que o período de crise com a epidemia tem força para causar danos significativos, impactando a economia ainda de maneira forte e adiando a recuperação do setor.
Além da situação atual, encontra-se também na zona de avaliação negativa o nível de investimento do empresariado local, que, em meio a um cenário de marcha lenta, também aloca recursos em âncoras financeiras e evitam as produtivas, visto que o curto e médio prazo ainda não conseguiu se desenhar de maneira positiva que incentive um menor comportamento conservador do setor produtivo.
Para o próximo mês, espera-se uma confiança ainda acima de 100 pontos, refletindo as políticas anunciadas recentemente, mas com números em tendência de queda, podendo atingir a zona de avaliação negativa em maio de 2020.
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