Por Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE (rafael.ramos@fecomercio-pe.com)
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) de Pernambuco, que mede a percepção que os empresários do comércio têm sobre o nível atual e futuro de propensão a investir em curto e médio prazo, mostrou variação mensal positiva de 0,5%, no mês de janeiro de 2019. O indicador permanece na zona positiva, acima dos 100 pontos, e desde agosto de 2018 existe um movimento de melhora do nível de confiança dos empresários.
É importante destacar que os 114,6 pontos verificados em janeiro é o maior grau de otimismo do empresariado no Estado, desde dezembro de 2014, quando a pontuação foi de 115,8. Já o comparativo anual, mês atual em relação ao mesmo mês do ano anterior, o crescimento é mais robusto e mostrou variação de 5,8%. Outra sinalização importante é que os números da pesquisa já estão refletindo os impactos da elevação da demanda, em especial no setor de comércio, com o pagamento da primeira parcela e da segunda do décimo terceiro salário e com o período de vendas do final de ano de 2018.
É imprescindível lembrar que a coleta dos dados é realizada sempre nos últimos dez dias do mês imediatamente anterior ao da divulgação da pesquisa. Assim, os dados do ICEC de Janeiro/2019 foram coletados nos últimos dez dias do mês de Dezembro/2018. Outra sinalização importante é que o cenário de recuperação continua sendo melhor avaliado pelas empresas maiores, com mais de 50 funcionários, mesmo com as empresas menores também situando-se na zona de avaliação positiva.
O resultado do início de janeiro confirma um setor produtivo bem mais positivo do que nos anos anteriores, projetando um aquecimento na economia e uma recuperação dos investimentos bem mais rápido e com proporções mais robustas que no início dos anos anteriores. O “mercado”, segundo o “Boletim Focus”, da segunda semana de janeiro, espera um crescimento em torno de 2,5%, o que já fica bem acima dos anos anteriores. Além disso, o ambiente econômico esperado para este e os próximos três anos de Governo é bem mais estável, com inflação controlada e com metas cada vez menores, acesso a um crédito maior e com origens do setor privado, menor interferência do Estado, continuidade do processo de equilíbrio das contas públicas, com a votação da Reforma da Previdência, além de uma menor instabilidade cambial.
Apesar da modesta variação mensal, os números do comparativo anual mostram um empresário com avaliação bem superior ao do mesmo período de 2018. No ano, o indicador saiu de 108,2 para 104,6 pontos entre Janeiro de 2018 e Janeiro de 2019. O destaque positivo ficou com a avaliação das expectativas para a economia brasileira, que mostrou crescimento de 16,1% em um ano. A maior pontuação em janeiro ficou com as expectativas em relação a empresa, reflexo de uma expectativa alta em relação às políticas públicas mais liberais, voltadas para um melhor ambiente de negócios.
Os demais índices de expectativas também se encontram com pontuação elevada, consequência de uma melhora perceptível de indicadores importantes que são usados pelo setor empresarial na tomada de decisão em relação ao final de 2017 e início de 2018, como a manutenção da inflação em níveis baixos, melhora modesta do mercado de trabalho, da renda da população, queda no nível de endividamento, maior acesso ao crédito e elevação do nível de consumo das famílias.
Na outra ponta, quatro indicadores ainda permanecem na zona de avaliação negativa, abaixo dos 100 pontos. Dois avaliam as condições correntes da economia e do setor do comércio, o que de fato o Estado de Pernambuco ainda apresenta uma capacidade ociosa ainda elevada além de desaceleração das vendas do comércio em 2018. Já em relação ao médio e longo prazo, a avaliação negativa ficou com o nível de investimento da empresa, com os empresários voltando a investir mais que nos anos anteriores, mas ainda aguardando definição de ações importantes como a questão das reformas necessárias as contas públicas equilibradas. E a situação atual do estoque, que, apesar de não estar em nível aceitável, retorna de maneira lenta ao patamar ideal, refletindo o retorno do consumo da população.
Para o próximo mês, o que pode contribuir para uma variação positiva do indicador é o resultado da geração de empregos formais, já que, após três anos consecutivos de recuos, o número de empregos voltou a ficar positivo gerando aproximadamente 530 mil vagas. Os líderes de geração de emprego nacional foram o setor de Serviços e o de Comércio, que, juntos, criaram 500 mil vagas.
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