O carnaval pernambucano conta com opções em várias cidades para quem quer curtir a festa fora dos polos mais conhecidos
O Carnaval chega mais cedo em 2018, logo na segunda semana de fevereiro. E quem preferir uma programação fora dos principais focos da festa pernambucana, vai encontrar, entre os dias 10 a 12, expressões do canavial ao Sertão. Rico pela cultura popular, o evento é uma oportunidade para conhecer o maracatu rural na sua essência, caboclinhos, personagens como caiporas e caretas, papangus, bonecos e uma coleção de melodias, trajes, brilhos e cores da mistura étnica pernambucana.
Saindo do Recife pela BR 408, são 60 quilômetros de asfalto até chegar a Nazaré da Mata, reduto do tradicional Encontro de Maracatu Rural na segunda-feira de Carnaval. Em 2018, o Cambinda Brasileira, um dos grupos mais resistentes do Estado, completará 100 anos de criação. Com sede no Engenho Cumbe, pode ser acompanhado de perto, da arrumação à apresentação pelas ruas e ladeiras de Nazaré.
A trajetória do Cambinda é retratada no projeto Não Deixe o Brinquedo Morrer, pesquisa que resgata a memória em texto e audiovisual, assinada pelos jornalistas Adriana Guarda e Heudes Régis. Pode ser acessada em naodeixemobrinquedomorrer.wordpress.com.
Nazaré tem dois serviços para hospedagem, mas a proximidade com a capital permite que o espectador possa se deslocar sob os primeiros raios de sol e retornar à noite ao Recife ou prosseguir viagem pelo interior.
“Temos 17 grupos radicados em Nazaré, mas no Carnaval recebemos mais de 80 maracatus de baque solto”, conta o secretário municipal de Turismo, Flávio Nicetas. O maracatu centenário, explica, é a prova de quanto os brincantes não deixam morrer a tradição, iniciada e mantida por trabalhadores da palha da cana, que usam as mãos calejadas para fazer um fino bordado de suas golas brilhantes.
Quem chegar bem cedinho, já no domingo, 10 de fevereiro, vai encontrar a entrada da cidade tomada de caboclos de lança, baianas e de outros personagens coloridos. Esse espetáculo que dá a Nazaré o título de terra dos maracatus não
é o único do município canavieiro. O Centro da cidade, pelos arredores da catedral, na Praça João XXIII, vai ganhando ao longo do dia outros acordes. Quem gosta de frevo, pode fazer o passo com as orquestras Capa Bode e Revoltosa, por exemplo, marcas da história local. O passeio a Nazaré exige uma passagem pela vizinha Aliança, outro endereço do baque solto.
Também na Mata Norte, mas na proximidade com o limite do Estado com a Paraíba, entram em cena outros brincantes: os caboclinhos, que bailam ao som de instrumentos de percussão. Goiana, que reúne a maior parte deles, é a expressão mais forte dessa cultura afro-indígena. A distância da capital, pela BR-101 Norte, também é de 60 quilômetros.
No Agreste, precisamente em Bezerros, a brincadeira principal é comandada por um mascarado que sai pedindo angu (mingau de milho) de porta em porta. A terra dos Papangus ganha ares da folia da capital e de Olinda, tamanha a multidão que recebe nos três dias de festa. Lá, aliás, a folia começa bem cedo. O primeiro grito de Carnaval será no dia 1º de janeiro, informa a prefeitura. A concentração será na Rua Coronel Bezerra, seguindo até a Avenida Otávio Pessoa Souto Maior (Avenida do Fórum). Para chegar no município, a BR-232 é o caminho.
O roteiro até o Sertão exige parada em Pesqueira, no Agreste, a versão interiorana do Carnaval recifense, pela multiplicidade de troças que tomam as ruas a semana inteira. Bumba-meu-boi, blocos e caiporas animam os foliões, predominantemente ao som de frevo. Por outros atrativos turísticos, a cidade tem também sua rede hoteleira com ocupação máxima durante as festas. Em Salgueiro, a 500 quilômetros da capital, a atração é a Bicharada do mestre Jaime. O artesão coloca seus bonecos na rua para levantar a poeira. Já os Caretas dão o ar misterioso do Carnaval da bela Triunfo, no Pajeú, onde há motivos de sobra, pela paisagem, culinária e rede hoteleira, para o turista se refazer da folia e recarregar o ânimo para retornar ou adentrar até o extremo do Estado e conhecer a festa em Petrolina, banhada pelas águas do Rio São Francisco.
A multiplicidade de expressões e uma programação especial com shows e outros atrativos atraíram no Carnaval de 2017 um milhão e meio de turistas para Pernambuco, calcula a Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur). A visitação movimentou uma receita estimada em R$1,2 bilhão, 2,7% acima do que foi movimentado em 2016. A expectativa agora é superar essas marcas em 2018.
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