*Texto da Assessoria Econômica da Fecomércio-PE
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) variou 1,5% no Brasil, entre agosto e setembro. Enquanto isso, registrou-se, em Pernambuco, crescimento de 1,4%. No estado, há indícios de melhora associados à perspectiva profissional, compra a prazo, perspectiva de consumo e momento para aquisição de duráveis.
Em relação ao emprego, 38,6% daqueles com renda superior a 10 salários-mínimos acompanham essa afirmação; e 37,5% dos entrevistados com até 10 salários-mínimos sentem-se nas mesmas condições. A perspectiva profissional, que no mês de agosto apresentava uma divisão igualitária nas percepções, apresentou mudanças: entre aqueles que acreditam numa melhora profissional (40,9%), numa piora profissional (32,7%) e aqueles que não sabem (26,4%). Nota-se que a população com rendimento mais elevado está mais satisfeita em relação ao emprego, haja vista 51,8% acreditarem ter boas expectativas de carreira.
Entre a população geral, houve um sentimento de recuo em relação à renda. No entanto, é importante destacar o registro dessa percepção entre a população de menor receita, estrato no qual 20,4% indicaram uma depreciação em sua situação financeira em comparação ao ano passado.
O mesmo pode ser dito quanto ao acesso ao crédito. Para 45% da população com renda acima de 10 salários-mínimos, o acesso ao crédito ficou mais fácil quando cotejado a igual mês de 2022, enquanto para a população de renda mais baixa, 28,1% acreditam que o acesso ao crédito ficou mais difícil. Essa diferença na percepção do crédito entre diferentes faixas de rendimento acentua não apenas as diferenças econômicas, mas também a pressão de fatores exógenos que moldam as experiências financeiras da população. Tanto é assim que, em relação ao nível de consumo, a pesquisa revelou que 46,8% das famílias com vencimentos de até 10 salários-mínimos estão comprando menos quando comparado ao ano passado, enquanto a população que recebe acima de 10 salários-mínimos indicou que 44,1% estão comprando mais que no ano passado.
Em Pernambuco, 34,4% das famílias com receita até 10 salários-mínimos indicaram a expectativa de consumo menor que no ano passado, enquanto 47,7% das famílias com renda superior a 10 salários-mínimos têm a expectativa de que o consumo seja igual ao do ano passado. A perspectiva de consumo revela não apenas os impactos da desigualdade de econômica no Estado, mas também antecipa um cenário desafiador para as empresas do setor de comércio e serviços.
Para 50,1% dos pesquisados, este é um mau momento para compra de bens duráveis (televisão, geladeira, fogão, etc.). Na faixa de renda mais baixa, é levemente maior essa insatisfação, com 51,7% corroborando a afirmação anterior. Enquanto isso, na faixa de remuneração mais elevada, 55% avaliam que a circunstância é favorável para a aquisição de duráveis. A melhora comparada ao mês passado do momento para adquirir bens duráveis se deu por causa do recuo da taxa básica de juros e políticas de renegociação de dívidas, o que trouxe novamente os consumidores para esse segmento.
O economista da Fecomércio-PE, Rafael Lima, comentou: “O ICF de setembro já trouxe os primeiros impactos da primeira queda da Selic em 2023; a leve melhora no momento de adquirir bens duráveis e acesso ao crédito tende a seguir essa percepção nos próximos meses. A perspectiva de consumo teve a influência do recuo da inflação em 12 meses, o que ajuda principalmente as famílias com rendimento mais baixo, uma vez que haverá mais renda disponível por essas famílias “.
Sobre a pesquisa
A Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), realizada pela CNC em setembro de 2023, apresenta a avaliação dos consumidores em relação a aspectos relevantes para as condições de vida, como emprego e renda, perspectiva profissional e acesso ao crédito. Trata-se de uma importante ferramenta para avaliar a conjuntura econômica e identificar tendências de consumo, auxiliando empresas e governos a planejar suas estratégias de negócios e políticas públicas.
A análise é feita considerando a ótica de otimismo ou pessimismo do consumidor em relação a esses aspectos, indexada a um índice que, abaixo de 100 pontos, indica pessimismo do consumidor em relação à intenção de consumo. Valores acima de 100 pontos indicam otimismo em relação à intenção de consumo. Além de sistematizar os resultados para o Brasil e as Unidades da Federação, a pesquisa distingue resultados para dois grupos de renda: famílias com renda até 10 salários-mínimos e famílias com renda acima de 10 salários-mínimos.
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