Por Ademilson Saraiva, da assessoria econômica da Fecomércio PE
A intenção de consumo das famílias pernambucanas (ICF-PE) recuou novamente em agosto na comparação com o mês imediatamente anterior, caindo de 66,3 para 65,1 pontos e registrando variação de -1,8%. Esse é o segundo mês consecutivo de queda no índice calculado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), depois de já ter recuado com a mesma intensidade (-1,8%) entre junho e julho.
O ICF acompanha as tendências de curto prazo no comportamento das famílias, com base em suas perspectivas quanto a emprego e renda, condições de crédito e capacidade de compras. Para mensurar esses índices, a CNC investiga a situação atual das famílias com relação ao mesmo período do ano anterior e as suas expectativas para os próximos seis meses. Os índices variam de 0 a 200 pontos, indicando insatisfação, ou pessimismo, quando estão abaixo de 100 e satisfação, ou otimismo, quando se encontram acima de 100 pontos.
Na comparação anual, com o mês de agosto de 2020, o índice apresentou variação positiva de 12,6%, seguindo a tendência dos últimos dois meses, em que se observou uma melhoria na percepção das famílias quanto à situação no mesmo período do ano passado, que foi o auge da pandemia.
Na comparação com meses recentes, por outro lado, a percepção é menos otimista: desde março, o índice recuou 7,8%, sinalizando a cautela das famílias em relação ao aumento de preços – que vem apertando o orçamento e reduzindo o espaço para consumo – e também em relação ao mercado de trabalho.
De fato, os resultados dos últimos dois meses foram bastante influenciados pela percepção das famílias quanto à ‘perspectiva profissional’, cujo índice recuou respectivamente 5,1% e 7,0%, em julho e agosto. Ou seja, à despeito da reabertura de diversas atividades de serviços desde abril, ainda existe pessimismo quanto ao avanço do emprego e da estabilidade no ambiente profissional nesse segundo semestre.
A baixa expectativa sobre o mercado de trabalho também leva à deterioração da ‘perspectiva de consumo’, cujo índice está em retração mês a mês desde abril e já acumula queda de 25% em agosto com relação a março, ao cair de 60,7 para 45,4 pontos.
Entre julho e agosto, houve crescimento apenas no índice que avalia o ‘nível de consumo atual’ das famílias com relação à situação de um ano atrás. A variação foi de +5,2%, entretanto o índice se encontra em 45,4 pontos, muito abaixo do patamar de estabilidade, que é de 100 pontos.
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