Economista Ademilson Saraiva, da Assessoria Econômica da Fecomércio-PE
Após três meses consecutivos em queda, os empresários do comércio em Pernambuco registraram aumento na confiança sobre o ambiente de negócios em junho. O Índice de Confiança dos Empresários do Comércio (ICEC) no estado cresceu 6,7% em relação a maio, saindo de 80,2 para 85,6 pontos. Em relação a junho de 2020, quando o índice era de 72,9 pontos, a confiança empresarial no setor avançou 17,4%.
O ICEC é calculado pela CNC com o intuito de detectar tendências de curto e médio prazos na atividade varejista. Quando se encontra abaixo de 100 pontos expressa a desconfiança do segmento em relação ao ambiente de negócios, sinalizando cautela quanto ao aumento de estoques, contratação de funcionários, infraestrutura e planejamento financeiro da empresa, bem como sobre a dinâmica da economia brasileira e da própria atividade de comércio.
O índice consolidado é composto por três sub-índices, o das condições atuais do ambiente de negócios (ICAEC), o das expectativas para a economia brasileira (IEEC) e o das intenções de investimentos das empresas (IIEC). Na comparação mensal – evolução em relação a maio –, o maior avanço ocorreu no sub-índice das expectativas para a economia, que cresceu 10,1%, seguido do sub-índice sobre as condições atuais, que subiu 8,6%.
Esses resultados continuaram expandindo o descolamento entre a percepção sobre as condições atuais e as expectativas: em fevereiro, a diferença entre os índices IEEC e ICAEC era de 50,7 pontos; em junho, essa diferença se ampliou 69,9 pontos (cresceu 37,9%). Portanto, apesar de melhoria nas perspectivas atual e futura, os empresários registram mês a mês alguma esperança de avanço na atividade, apesar de um momento ainda crítico para os negócios.
A melhoria nas perspectivas atual e futura para o comércio é fruto da flexibilização de medidas restritivas e aumento gradual da circulação de pessoas em função do avanço da vacinação, bem como da continuidade das medidas de auxílio emergencial às famílias e empresas. Em Pernambuco, a retomada parcial das atividades já rendeu bom resultado ao varejo, no mês de abril, conforme registrou a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE, que divulgou um crescimento de 10,1% no acumulado deste ano em relação ao período de janeiro a abril de 2020. Entre maio e junho, a percepção dos empresários, a partir das comemorações de Dia das Mães e Dia dos Namorados, também ajudou a melhorar a expectativa de vendas para as datas especiais do segundo semestre.
Apesar dessa percepção, os empresários continuam apontando uma perspectiva ainda muito tímida para investimentos, tendo o índice IIEC variado apenas +0,6% em relação a maio. Ou seja, decisões como a ampliação do quadro de colaboradores, aumento do estoque de produtos e melhorias em infraestrutura ainda aguardam a consolidação de um ambiente de negócios mais previsível e favorável, que só pode ser alcançado com avanço da imunização, queda na taxa de contágio e, consequentemente, melhora dos indicadores de emprego e renda.
Sobre as condições atuais da economia, 52,1% dos empresários consideram que estão muito piores em junho de 2021, comparado ao semestre anterior; em maio, esse percentual foi de 55,1%. Já o percentual dos que enxergam uma situação econômica um pouco melhor cresceu de 11,6% para 14,8%. Também houve avanço da proporção de empresários que consideram um pouco melhor a situação atual do setor (de 22,5% para 24,7%) e da própria empresa (de 22,2% para 25,0%). Por outro lado, destaca-se que esses percentuais ainda estão muito longe de alcançarem o patamar observado no período pré-pandemia, em que 51,5% enxergavam situação mais favorável na economia brasileira.
Com relação às expectativas sobre a dinâmica da economia brasileira para o próximo semestre, 55,9% dos empresários revelaram a perspectiva de que esteja um pouco melhor em relação ao momento atual; em maio, esse percentual foi de 49,3%. O percentual dos que vislumbram uma situação um pouco melhor para o setor cresceu de 53,7% para 60,0%. Os que acreditam em uma situação um pouco melhor para a empresa também cresceu, de 55,0% em maio para 61,7% em junho.
Para a avaliação da intenção de investimentos (IEEC), a CNC considera a opinião dos empresários quanto à contração de funcionários, investimentos e a situação dos estoques. No quesito contratação de funcionários, observou-se o avanço mais significativo das intenções: 37,2% pretendem aumentar um pouco o quadro de colaboradores, proporção que era de 31,5% em maio; por outro lado, 45,7% pretendem reduzir um pouco o número de colaboradores, mas esse percentual já foi de 52,8% no mês anterior.
No quesito nível de investimento, as intenções ficaram estagnadas em junho, devido às incertezas quanto à possibilidade de novas restrições durante o segundo semestre, caso a imunização não se acelere e alcance um número razoável, garantindo uma circulação maior de pessoas até o fim do ano. Essa incerteza também refletiu na avaliação do estoque: 55,4% dos empresários acreditam que a quantidade atual de produtos armazenados é suficiente para atender a demanda dos consumidores; mais que no mês de maio, quando essa era a opinião de 52,6%. Outros 13,8% acreditam que o estoque atual está abaixo do ideal, proporção que era de 17,3% no mês anterior.
Leave a Comment