Participaram da conversa representantes dos segmentos do comércio, indústria e agricultura, em evento da Fecomércio-PE
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE) realizou, nesta quarta-feira (24), um debate com o setor produtivo para discutir os impactos da pandemia da Covid-19 no Estado. Foram analisados os hábitos dos segmentos com a nova realidade socioeconômica e os efeitos das novas medidas restritivas, da vacinação, de uma possível antecipação dos feriados e das implicações com a efetivação de reformas, como a administrativa e a tributária, nos setores do comércio, indústria e agricultura de Pernambuco.
Participaram do evento Bernardo Peixoto, presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac-PE; Ricardo Essinger, presidente do Sistema Fiepe, e Pio Guerra, presidente do Sistema Faepe/Senar. O jornalista Aldo Vilela conduziu o debate. A conversa está disponível, na íntegra, no canal do YouTube da Fecomércio-PE.
“O ano de 2021 chegou com um desafio enorme, pois já é um ano completamente diferente. Nesse processo de pandemia, só aqui no Estado, foram injetados R$ 17 bilhões com o auxílio emergencial em 2020. A previsão agora é pior. Nesse ano, espera-se que seja liberado apenas 15% do valor do ano passado”, apontou Bernardo Peixoto na abertura da conversa com os representantes do setor produtivo.
Na perspectiva dos presidentes, o comportamento dos segmentos depende do avanço da vacinação e da volta da atividade comercial em sua capacidade máxima. “Com o comércio parado, a indústria não vende. Queda da receita faz com que o dinheiro não circule, reduzindo os negócios. A indústria e comércio de fármacos, alimentação e importação não foram muito impactadas com a pandemia, mas os outros setores foram”, explicou Ricardo Essinger.
O presidente do Sistema Fiepe ainda destacou a descapitalização das empresas e ressaltou: “O ano de 2021 será de um desafio maior. O Estado precisa lembrar que sem atividade econômica não há recolhimento de impostos”. No ano passado, durante a adoção das medidas mais severas para tentar conter a disseminação do coronavírus em Pernambuco, a atividade industrial de construção civil ficou paralisada por 90 dias.
Um dos impactos nos setores produtivos é a alta do dólar, que, por um lado, é boa para a exportação do produtor rural, mas o Estado ainda sofre com a importações de insumos e baixo envio de produtos para o exterior. “As exportações totais caíram 12% em Pernambuco. O agronegócio, no entanto, marcou um crescimento de 40% em 2020. Contudo, mesmo com o aumento, o setor tem uma participação pequena, de apenas 22% do total exportado, e não dá uma impulsão na pauta estadual, por ser modesto”, revelou Pio Guerra, presidente do Sistema Faepe/Senar.
Apesar dos dados, Guerra demonstrou-se otimista para 2021. “O setor de agricultura tem crescido significativamente e produzimos o que está cada vez mais em falta no mundo. O Brasil tem uma vocação agropecuária inquestionável, com mais de 100 milhões de hectares com áreas para agricultura e pecuária e 60 milhões de pastagens utilizadas para produção de grãos. Não é à toa que internacionalmente temos os olhos no país”, afirmou o presidente do Sistema Faepe/Senar.
HÁBITOS NA PANDEMIA – A renovação e readaptação digital dos setores foi acelerada com a pandemia. “No comércio, as empresas reposicionaram sua presença digital e passaram a vender on-line. As empresas que se adaptarem darão um salto para se manter onde estavam antes da pandemia. Sem esquecer que o comércio presencial sempre será uma realidade”, informou Peixoto. As vendas e digitalizações é a meta da indústria 4.0. Já na agricultura, a pandemia reforçou a necessidade da aproximação do meio acadêmico com o setor empresarial e da utilização de tecnologias de ponta nas áreas rurais do Estado.
DESTRAVE DA ECONOMIA – Pauta bastante debatida no Congresso Nacional, a implantação de reformas, administrativa e tributária, é de grande importância para o Brasil, segundo os segmentos produtivos de Pernambuco. Para os presidentes presentes no debate, o foco deve ser o equilíbrio da máquina pública, a ampliação da segurança jurídica e a simplificação dos impostos. Segundo o presidente do Sistema Fecomércio-PE, os empresários gastam mais de duas mil horas com burocracias.
ANTECIPAÇÃO DE FERIADOS – O recente movimento de cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo, em adiantar feriados para diminuir a circulação de pessoas na rua foi assunto no debate. A decisão de um adiantamento de feriados confronta o setor produtivo do Estado. “Somos a favor, pois não antecipar agora significa que a quarentena será esticada”, sinalizou Peixoto. O presidente do Sistema Fiepe, Ricardo Essinger, finalizou recordando a necessidade da estruturação jurídica, junto ao Governo de Pernambuco, para que os feriados antecipados não sejam repetidos.
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