O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) pernambucanas, indicador utilizado para medir a avaliação que os consumidores em Pernambuco fazem sobre aspectos importantes da condição de consumo, como a sua capacidade de consumo, atual e de curto prazo, nível de renda doméstico, segurança no emprego e qualidade de consumo, presente e futuro, apresentou crescimento em agosto de 2020, após quatro quedas consecutivas. É importante destacar que o indicador serve como um antecedente do consumo, a partir do ponto de vista dos consumidores, desta forma, crescimentos (redução) no indicador significam um aumento (queda) no consumo das famílias para o período indicado.
É importante destacar que era esperado o crescimento do nível de consumo em agosto, visto que o mês carrega a comemoração do Dia dos Pais, data importante em termos de faturamento para o comércio, tem poder de aquecer a demanda local, além de ser uma data simbólica, sendo a primeira após a reabertura dos estabelecimentos comerciais e de serviços considerados não essenciais que foram fechados através de decretos durante o período de isolamento social mais elevado. A sondagem de opinião para a data, realizada pelo Instituto Fecomércio, já antecipava uma melhora no comportamento do consumidor pernambucano, pois a intensão em comemorar a data veio em nível superior às das datas anteriores e que foram comemoradas dentro do período de isolamento, como Dia das Mães, Dia dos Namorados e Festejos Juninos.
O indicador atingiu os 57,8 pontos, ante 54,7 de julho de 2020 e 78,7 do mesmo período do ano anterior. Mais uma vez é importante lembrar que a intenção de consumo continua na zona de avaliação negativa, abaixo dos 100 pontos, e esta condição vem desde agosto de 2015, refletindo que a crise iniciada no ano em questão foi tão crítica que o consumo da população ainda não mostrou recuperação suficiente para atingir um nível de satisfação da pesquisa. É importante destacar que em ambos os períodos, na crise de 2015/2016 e na pandemia atual, variáveis importantes foram duramente atingidas, como o emprego, com o mercado de trabalho formal encerrando número recorde de vagas. Porém, cinco anos atrás, a informalidade conseguiu atenuar a deterioração dos trabalhos com carteira assinada, o que infelizmente não ocorreu nos últimos meses, visto que o isolamento social retirou a população das ruas e impossibilitou que a informalidade atuasse na amenização dos impactos negativos das demissões. Outra variável que vem contribuindo para segurar o consumo é o nível de endividamento das famílias, pois a inadimplência continua alta e atuando na redução do acesso ao crédito para o consumo.
Outro importante destaque é a injeção de recursos realizada pelo auxílio emergencial do Governo Federal no Estado de Pernambuco, que alcançou os R$ 6,7 bilhões de reais em julho e segurou o consumo das famílias em itens essenciais como os de alimentação, no segmento de hipermercados e supermercados, além de gerar desdobramentos positivos também nos segmentos de eletrodomésticos, móveis e material de construção. Pernambuco foi o quarto estado que mais recebeu recursos do programa, ficando atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais e Bahia. A liberação do FGTS emergencial, valor limitado a R$ 1.045, também vem contribuindo para que o poder de consumo dos que ainda se encontram empregados ou com recursos em contas inativas não seja impactado pela atual conjuntura.
Quando se analisa por classe de renda, verifica-se que ambos os grupos, os que possuem renda abaixo e acima de 10 salários, continuam na zona de avaliação negativa, mas apresentaram alta em relação a julho. Os de menor rendimento subiram para 55,7 ante 52,8 pontos, refletindo as injeções de recursos dos programas do governo federal, além da reabertura dos estabelecimentos e uma melhora em relação ao nível de demissões e contratações. Já a população que possui um maior patamar de renda encerrou o mês com 80,1 pontos ante 74,9 pontos e reflete a reabertura dos negócios e a normalização de parte dos contratos de trabalho que haviam tido redução de carga horária e salário. Na análise por indicadores, as únicas quedas, no comparativo mensal, se encontram com as avaliações das famílias pernambucanas em relação à “Perspectiva de consumo” e “Momento para duráveis” que apresentaram variação negativa mensal de -5,4% e -3,6%, respectivamente, refletindo a melhora das perspectivas de consumo em agosto.
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