O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) pernambucanas, indicador utilizado para medir a avaliação que os consumidores em Pernambuco fazem sobre aspectos importantes da condição de consumo, como a sua capacidade de consumir atual e de curto prazo, nível de renda doméstico, segurança no emprego e qualidade de consumo, presente e futuro, voltou a cair em junho de 2020.
É importante destacar que o indicador serve como um antecedente do consumo, a partir do ponto de vista dos consumidores, desta forma, crescimentos (redução) no indicador significam um aumento (queda) no consumo das famílias para o período indicado.
O indicador atingiu os 59,1 pontos, ante 71,6 de maio de 2020 e 78,6% de junho de 2019. É importante destacar que a intenção de consumo se encontra na zona de avaliação negativa, abaixo dos 100 pontos, desde agosto de 2015. Essa informação é importante porque dimensiona a lenta recuperação do poder de compra da população, que ainda é afetada pelo ritmo lento da geração de vagas no mercado de trabalho. Além disso, nem mesmo as políticas de incentivo ao consumo, como as liberações do FGTS inativo, PIS e FGST ativo tiveram efeito forte o suficiente para fazer com que a intenção de consumo voltasse à zona de avaliação positiva.
O índice variou -17,5% e 24,8% no comparativo mensal e anual, maiores recuos da série histórica iniciada em 2010. É importante destacar que esta queda continua refletindo a atual situação crítica pela qual passa o consumo no estado de Pernambuco, onde grande parte das famílias teve uma maior restrição em sua renda, seja pela queda no faturamento dos negócios, com o fechamento de grande parte do comércio, redução de jornada de trabalho e demissões.
É importante observar que mesmo aquelas pessoas que não foram tão afetadas pela atual conjuntura tiveram o nível de consumo reduzido por influência da atmosfera mais conservadora, que cria incentivos para direcionamento na compra de quase que exclusivamente de bens essenciais.
A Sondagem de Opinião dos Festejos Juninos já apontava uma redução na intenção de consumo para o período, com a intenção de comemoração do Dia dos Namorados e do São João atingindo percentual próximo a 50%. Grande parte da população continua evitando compras com valores médios altos, como os de bens duráveis, e com o pagamento via crédito, o que confirma um orçamento mais restrito que nos meses anteriores.
Outro ponto que também não mostrou força suficiente para segurar o consumo, mas tem a sua importância para a manutenção das compras de produtos essenciais, foi o auxílio emergencial de R$ 1.200 para as mães chefes de família e de R$ 600,00 para as demais pessoas, visto que este recurso não é alto o suficiente para que estas famílias voltem a consumir itens são essenciais.
Quando se analisa por classe de renda, verifica-se que ambos os grupos, os que possuem renda abaixo e acima de 10 salários, mostram queda no nível de consumo. Os de menor rendimento continuam com 57,0 pontos, já a população que possui um maior patamar de renda, encerrou o mês com 81,2 pontos, e entra pela primeira vez na zona de avaliação negativa.
Na análise por indicadores, as maiores quedas, no comparativo mensal, encontram-se com as avaliações das famílias pernambucanas em relação à “Momento para duráveis” e a “Perspectiva profissional”, que apresentaram variação negativa mensal de 29,6% e 24,4%, respectivamente. O recuo do primeiro reflete o movimento de consumo mais conservador, que evita bens mais caros, como os duráveis, devido ao cenário de incertezas elevadas.
Já o alto decréscimo do segundo é ancorado na piora na sensação de segurança dos que continuam empregados, além de apontar uma projeção de maior dificuldade para retornar ao mercado pelos que já perderam seus empregos. Os demais indicadores, como “Emprego atual”, “Renda atual”, “Compra a prazo”, “Nível de consumo atual” e “Perspectivas de consumo” também mostraram recuos significativos.
O movimento de recuperação do nível de consumo das famílias já se mostrava lento e resistente antes da pandemia da Covid-19, sendo ainda um reflexo das crises de 2015 e 2016. Para o mês de julho, espera-se uma intenção de consumo com movimento de queda menos intenso, já que foi iniciado o plano de retomada dos negócios não essenciais, dando possibilidade para que parte da população que não utilizou os canais digitais para compras volte a consumir.
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