Por Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE (rafael.ramos@fecomercio-pe.com)
Os transtornos causados pela epidemia do novo Coronavírus (Covid-19) na saúde e na economia de todo o país contribuem para adiar a recuperação ao qual o setor produtivo pernambucano e, em especial, o setor do comércio de bens, serviços e turismo vinha passando. A epidemia também trouxe desdobramentos negativos em várias variáveis, como a queda de confiança da população em consumir, dos empresários em investir, o aumento do endividamento, além da queda na arrecadação do setor público.
Para conter a velocidade da epidemia e assim evitar um colapso no sistema público de saúde, os governos estaduais e municipais adotaram medidas de restrição que acabaram atingindo de maneira mais forte o comércio de bens, serviços e turismo. Fechamento de shoppings, bares e todo o varejo não essencial, permitindo apenas o funcionamento de estabelecimentos que comercializam alimentos, medicamentos, material de higiene e itens ligados à segurança da população em relação à saúde, como os armazéns de construção que vendem equipamentos de proteção individual.
Diante do cenário extremamente adverso, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que, entre março e início de maio de 2020, o Varejo Nacional tenha perdido R$ 124,7 bilhões, representando uma queda de 56%. Para Pernambuco, o impacto também foi significativo, pois com cerca de 60% dos estabelecimentos comerciais fechados em todo o Estado, estima-se queda no faturamento de R$ 4,24 bilhões para o mesmo período.
O comércio pernambucano emprega de maneira formal quase 300 mil pessoas, o que representa aproximadamente 19% de todos os empregos do Estado. É importante destacar que com a queda no faturamento do Varejo, o setor empresarial é obrigado a adotar medidas de redução de custos e despesas, o que, inevitavelmente, se transformará em corte de vagas formais. Além disso, o comércio tem elevada importância na geração de riquezas do Estado, contribuindo com 14% da produção anual por meio de seu processo produtivo.
A CNC também estima elevado impacto no setor de turismo, com a perda acumulada superando os R$ 60 bilhões a nível Brasil. Já para Pernambuco, a queda projetada é de R$ 1,74 bilhões, cifras que também irão afetar a dinâmica do mercado de trabalho formal do setor, que em Pernambuco possuía até dezembro de 2019, último dado divulgado pelo Ministério da Economia, cerca de 100 mil pessoas empregadas.
Diante das inevitáveis perdas, é urgente que o setor público, juntamente com o setor privado, inicie a elaboração de um plano seguro de abertura dos estabelecimentos e de uma menor restrição social. O objetivo é que a crise na saúde não se desdobre em uma crise econômica e crie um verdadeiro colapso em setores tão importantes para a economia do país como o do comércio de bens, serviços e turismo.
Para acessar os gráficos, basta clicar no link: http://fecomercio-pe.com.br/site/wp-content/uploads/2020/06/Gráficos-Novos.pdf
Leave a Comment