A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) pernambucano voltou a mostrar movimento em direção contrário ao nacional, com percentual de endividados em abril (71,1%) caindo em relação a março (72,1%). Vale destacar que, apesar da queda, esta é a maior taxa de endividados para os meses de abril, desde 2015, quando o número foi de 72,8%. Os endividados apresentaram redução em todos os níveis, com os números das famílias que já possuem contas em atraso e as que já não tem mais condições de pagar as suas dívidas também melhorando em relação ao mês anterior.
Há de se destacar que as medidas adotadas para a redução do ritmo de infectados no Estado de Pernambuco, como o fechamento de parques, praças, comércio não essencial e shoppings, podem estar contribuindo para esta queda mensal, pelo menos após o início deste período de quarentena, visto que o consumo da maioria dos pernambucanos ainda é bastante tradicional, fazendo com que de fato o consumo caia e exista uma melhora nos números dos endividados.
As famílias anteciparam o consumo de bens essenciais, como alimentos e medicamentos, preparando-se para a quarentena, o que fez o endividamento aumentar em março, após isso a retração do consumo foi significativa, afetando assim o consumo habitual de outros segmentos, fazendo com que o endividamento recuasse em abril.
Em números, o percentual de 71,1% equivale a 364.889 famílias endividadas, queda de 5.176 lares em um mês, já em relação ao mesmo período de 2019 houve uma alta de 9.718 famílias. As famílias que possuem contas em atraso atingiram os 30,3%, queda em relação a março e alta quando comparado a abril do ano anterior, que registraram percentual de 31,0% e 29,3%, respectivamente.
É importante lembrar que estas famílias, apresentando maior dificuldade no pagamento de suas dívidas, começa a ter espaço para pagamento de dívidas, visto que os canais de vendas mais tradicionais e utilizados para consumo estão fechados, dando condições para um orçamento menos apertado, reduzindo as dificuldades de honrar todos os pagamentos em um mês. Atualmente, no estado, 155.366 famílias estão com alguma conta em atraso, queda mensal de 3.899 lares.
A parcela da população com a situação mais crítica, que são aquelas que informam não ter mais condições de pagar as suas dívidas, mostrou percentual de 14,0%, o que corresponde a 71.624 mil famílias inadimplentes. Este grupo também apresentou queda no número de famílias nesta situação, com redução mensal de 6.511.
Quando se analisa o resultado por tipo de dívida, verifica-se que o tipo mais apontado continua sendo o cartão de crédito, atingindo 91,6%, seguido pelo endividamento com carnês, que representa 20,5%. A maioria das famílias endividadas informam também que as dívidas comprometem entre 11% e 50% da renda, valor considerado preocupante mesmo com a redução do consumo de segmentos não essenciais, pois a manutenção da quarentena pode trazer grande dificuldades para as famílias que dependem da informalidade.
Para o mês de maio se espera uma elevação no endividamento das famílias, isto porque as demissões, paralisações dos setores e o ritmo baixo de contratação criarão uma restrição orçamentária crítica, levando as famílias a utilizar o crédito para manter o consumo de bens essenciais neste momento de quarentena.
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