Segundo o IBGE, através da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua Trimestral (PNAD-T), a taxa de desemprego pernambucana, conforme esperado, mostrou queda no quarto trimestre de 2019. O valor saiu de 15,8%, no terceiro trimestre de 2019, para 14,0%, no último trimestre de 2019. Vale destacar que também houve queda no comparativo anual, visto que a taxa no mesmo período do ano anterior foi de 15,5%.
Lembrando que o último trimestre do ano é tradicionalmente o de menor pressão no desemprego, isto porque existe um maior número de contratações, por aumento de equipes com as contratações temporárias para o final do ano e menos pedidos de demissão por ser um período de maiores gastos devido às tradicionais compras de final de ano, além de ser um período de oportunidades para quem empreende dentro e fora da informalidade, visto que o aquecimento da demanda com as injeções de recursos vinda de pagamento de 13º salário e da liberação do FGTS em 2019 contribuíram para que parte da população conseguisse renda abrindo o próprio negócio.
O cenário macroeconômico do Estado já apontava esta queda do desemprego. A aceleração das vendas do varejo, a partir do terceiro trimestre, do volume de serviços, além do nível de produção industrial já sinalizavam um aquecimento nos setores. Este movimento tem o poder de acelerar os investimentos do setor produtivo, o que consequentemente aumenta o nível de contratação. A proporção de desempregado no Estado ainda é muito elevada, ficando em quinto no país, atrás apenas da Bahia (16,4%), Amapá (15,6%), Roraima (14,8%) e Sergipe (14,8%). A falta de empregos atinge 586 mil pessoas em Pernambuco, 72 mil a menos que no trimestre anterior e 62 mil a menos que no mesmo trimestre do ano anterior.
Por outro lado, o Estado possui a segunda menor taxa total de subutilização da força de trabalho (que agrega os desocupados, os subocupados por insuficiência de horas e a força de trabalho potencial) na Região Nordeste, registrando 29,1%. Este percentual apresentou queda em relação ao trimestre anterior e do mesmo período de 2018, quando as taxas eram de 30,7% e 31,6%, respectivamente. Vale destacar que o que provou essa alta foi o aumento dos ocupados e no número de pessoas que se encontram em sub ocupação, ou seja, aquelas que trabalham menos de 40 horas semanais, mas que desejariam trabalhar mais, refletindo que o mercado de trabalho pernambucano vem respondendo ao cenário ainda estável, conseguindo criar vagas. Porém, esses empregos estão concentrados no setor informal e quando formais no trabalho parcial.
Entre os últimos trimestres de 2018 e de 2019, cerca de 26 mil pessoas deixaram de trabalhar com carteira de trabalho assinada no setor privado, excluindo-se os empregados domésticos. Já a contratação de mão de obra informal no setor privado teve um aumento de 19 mil pessoas, mostrando tendência preocupante para parte da população que não está acobertada por direitos trabalhistas, além de gerar rendimentos mais baixos que impedem um volume de consumo maior. O destaque de maior variação positiva entre 2018 e 2019 ficou com a situação “conta própria”, com alta de 94 mil pessoas em apenas um ano.
Em relação aos grupamentos de atividades, verifica-se que em relação ao trimestre anterior, a “Indústria Geral” e o “Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas” juntos preencheram 41 mil vagas, na outra ponta “Transporte, armazenagem e correio” e os serviços de “Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas” mostram encerramento de vagas, com o primeiro fechando 4 mil e o segundo 1 mil empregos.
A massa de rendimento real pernambucana também mostrou variação positiva em relação ao trimestre anterior, com alta de 4,91%, mas negativa quando comparado com o mesmo trimestre do ano anterior, variando -8,55%. O resultado foi bastante favorável para a economia no final de 2019, pois gerou impactos positivos na medida que aumentou a renda geral e a proporção para consumir, contribuindo para uma recuperação no desempenho do comércio e serviços ligados ao consumo das famílias, verificado especificamente em novembro com a comemoração da Black Friday.
A expectativa para os meses seguintes é de uma piora em ritmo modesto, pois é um período de menor aquecimento. Outro ponto negativo são os cortes de parte das contratações temporárias realizadas no final do ano, pessoas que estavam desempregadas buscam mais emprego no início do ano tomadas pelo sentimento de renovação com a chegada do novo período, maiores pedidos de demissão por pessoas que embarcam em novos projetos, além de ser também um período de maiores gastos, como pagamentos de impostos, matrículas, renovação de serviços, etc, o que leva outros membros das famílias a buscar uma vaga para contribuir com a renda e amenizar a restrição do orçamento familiar.
Referência: Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Trimestral (PNAD-T). 4º TRI/2019.
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