Comportamento dos pernambucanos surpreende e endividamento apresenta queda em janeiro de 2020
O movimento de alta dos endividados, iniciado em julho de 2019, no mês de férias e pós comemoração do Dia dos Namorados e dos festejos juninos, apresentou uma quebra no primeiro mês do ano, refletindo a falta de capacidade de manter o nível de consumo dos últimos meses, após fim da liberação dos recursos do FGTS, além do período possuir uma alta concentração de despesas que, inevitavelmente, pressionam o orçamento de grande parte das famílias, segurando o consumo.
A lista de compromissos é extensa e carrega o poder de comprometer o planejamento já no início do período, isto porque janeiro traz para a mesa uma fatura acima da média dos meses anteriores devido ao pagamento do consumo de bens e serviços no final do ano, início do pagamento de impostos, como IPVA, para os que possuem automóveis, e IPTU, para os que possuem imóveis, pagamento de matrícula escolar, faculdade ou curso, além de pagamentos maiores para serviços que reajustam as tarifas já no primeiro mês do ano.
A taxa da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) pernambucano saiu de 73,3% para 72,3% entre dezembro e janeiro, porém este é o maior valor para os meses de janeiro, desde 2012, quando a taxa atingiu 74,1%. Em números, o percentual de 72,3% de janeiro equivale a 370.677 famílias endividadas, queda de 4.714 lares em um mês, já em relação ao mesmo período de 2019 houve uma alta de 25.509 famílias.
As famílias que possuem contas em atraso atingiram os 29,4%, manutenção em relação a dezembro e alta quando comparado a janeiro do ano anterior, que registrou percentual de 28%. É importante lembrar que estas famílias já apresentavam maior dificuldade no pagamento de suas dívidas, com orçamento mais apertado, aumentando as dificuldades de honrar todos os pagamentos em um mês de maior restrição. Atualmente, no estado, 150.601 famílias estão com alguma conta em atraso, acréscimo anual de 8.189 lares.
Já a parcela da população com situação mais crítica, que são aquelas que informam não ter mais condições de pagar as suas dívidas, mostrou percentual de 10,9%, o que corresponde a 55.904 mil famílias inadimplentes. Este grupo apresentou redução de famílias nesta situação de 1.642 no mês e 5.921 no ano.
Quando se analisa o resultado por tipo de dívida, verifica-se que o tipo mais apontado ainda é o cartão de crédito, atingindo 92,4%, seguido do endividamento com carnês e cheque especial, que representam 21,5% e 14,1%, respectivamente. A maioria das famílias endividadas informam também que as dívidas comprometem entre 11% e 50% da renda, o que ainda é um ponto a ser melhorado.
É importante destacar que este cenário ainda é um reflexo da dificuldade de geração de renda no estado, com um mercado de trabalho ainda deteriorado, apesar de mostrar modesta melhora em 2019, que voltou a ter um saldo de empregos formais positivo pelo segundo ano consecutivo. Com uma capacidade de consumo ainda baixa, parte da população, apesar da melhora na educação financeira, ainda recorre ao crédito para manter o padrão de consumo conquistado nos anos pré-crise.
Desta forma, é importante que as famílias observem as atuais fontes de receitas e as despesas correntes que possuem, além do levantamento total das dívidas financeiras, para que seja elaborado um planejamento voltado para uma saúde financeira mais estável em 2020.
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