O Índice de Consumo das Famílias (ICF) Pernambucanas, indicador utilizado para medir a avaliação que os consumidores em Pernambuco fazem sobre aspectos importantes da condição de vida de sua família, mostrou variação mensal negativa de -2,3% em maio de 2018. O indicador saiu de 73,7 pontos em abril para 72,0 pontos em maio, permanecendo abaixo dos 100 pontos e continuando na zona negativa de avaliação. O resultado revela assim um pequeno recuo na intenção de consumo no mês em que se comemora o Dia das Mães, segunda data mais importante para o comércio em volume de vendas. O quinto mês do ano mostrou um cenário conturbado para parte das famílias, as mais pobres ainda muito afetadas pelo mercado de trabalho deteriorado, com a taxa de desemprego trimestral apontando um crescimento no primeiro trimestre do ano, além disso, existe um grande número de pessoas desocupadas em situação de desalento, que são aquelas que desistiram de buscar emprego por não acreditar mais na obtenção de vaga no curto prazo.
Apesar disso, o comparativo anual aponta para uma melhora na intenção de consumo dos pernambucanos, com variação positiva de 5,0% em relação ao mesmo período de 2017, refletindo uma situação atual ainda carente de políticas públicas e privadas que acelerem a recuperação econômica, mas em nível melhor que os dois anos anteriores. É importante destacar que a Pesquisa de Sondagem de Opinião para o Dia das Mães, realizada pelo Instituto Fecomércio-PE na Região Metropolitana do Recife, também mostrou um crescimento na proporção de pessoas que pretendiam consumir quando comparado com 2017. Desta forma, o resultado do comparativo anual, das pesquisas da CNC e do Instituto Fecomércio-PE, convergem e apontam para um volume de vendas maior no mês das mães de 2018.
Quando se analisa o resultado por nível de renda, verifica-se que os de menor rendimento, que são aqueles que recebem até 10 salários mínimos, tiveram uma deterioração na intenção de aumentar o nível de consumo em relação a abril com recuo de -3,47%, porém mostraram elevação em relação a maio de 2017. O movimento significa que, apesar de uma quebra no ritmo de recuperação do consumo familiar mensal no Estado, estas famílias ainda mantém um nível superior aos mesmos períodos de crise acentuada. É importante destacar que a inflação mais controlada é um dos fatores que ainda conseguem segurar a percepção positiva da economia para os mais pobres, que são os mais afetados pela alta dos preços, já o desemprego para os que se encontram dentro desta faixa de renda é a variável atual responsável por manter ainda um comportamento mais conservador, onde as famílias, por medo de perder renda e não honrar os compromissos assumidos, evitam as compras. Já as famílias que possuem rendimento acima de 10 salário mínimos mostram comportamento inverso, com elevação mensal na intenção de consumir bens e serviços e um recuo quando comparado com maio de 2018.
Na análise por subíndice, as maiores pontuações se encontram com as avaliações das famílias pernambucanas em relação ao Emprego Atual (95,2 pontos) e à Renda Atual (88,1 pontos), mesmo mostrando variação negativa mensal (-1,5% e -0,5%) e anual (-5,1% e -2,0%), devido a uma piora em relação à taxa de desemprego e a itens do IPCA, como gasolina, energia elétrica e gás de cozinha. Já as maiores recuperações foram verificadas em Nível de Consumo Atual e Perspectiva para o Consumo, o que significa que as pessoas sentem de fato uma melhora no poder de compras, com um orçamento menos restrito ao consumo de bens essenciais, além de esperar que o cenário para o médio e longo prazo fique mais favorável para que as famílias voltem a consumir de maneira mais forte. O cenário para os próximos meses é de uma manutenção ou modesto recuo no comparativo mensal, porém ainda com crescimento no anual.
É importante destacar que o cenário de consumo brasileiro e pernambucano, apesar de apresentar melhora em relação aos anos de crise, devem mostrar maior velocidade na recuperação apenas quando o investimento do setor produtivo voltar a acelerar. Existem entraves macroeconômicos que ainda conseguem segurar a recuperação do investimento no país e no Estado, como o cenário eleitoral; ainda gerando grandes incertezas de continuidade das reformas essenciais que melhorem a produtividade do país e a situação das contas públicas; o crédito, que, apesar de mostrar queda contínua na taxa básica de juros, ainda não mostrou reflexos significativos na concessão para o empresário; e o cenário externo, com crises econômicas na Argentina e Venezuela, tensões entre Estados Unidos e Irã, além de alteração na relação comercial de grandes parceiros comerciais, elevando incertezas no exterior e pressionando o câmbio.
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