A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) pernambucano mostrou a segunda queda consecutiva no percentual de endividados. Entre os meses de março e abril de 2018, o indicador que estava em 66,8% foi para 64,3%, a melhora também foi verificada no comparativo anual, pois, em abril de 2017, esse percentual era um pouco maior e atingiu 64,8% das famílias. O resultado traz a importante sinalização de que o orçamento das famílias vem se recuperando, devido à queda da inflação em itens de necessidade diária, como os de alimentação, o que gera uma renda disponível maior, facilita o pagamento de dívidas e a aquisição de produtos sem o uso do crédito. Vale destacar também que este resultado, junto com novembro de 2017 (64,3%), possui o menor nível de endividados desde dezembro de 2013, ano pré-crise econômica, quando o percentual era de 53,3%.
O Governo também vem dando uma contribuição importante no combate aos altos níveis de endividamento, com políticas que facilitam a negociação entre endividados e credores, como a alteração da cobrança do juros do rotativo do cartão de crédito, que passou a ser permitido apenas por um mês, com as instituições sendo obrigadas a ofertar uma linha de crédito mais barata e parcelar a dívida. Outra medida tomada foi a não obrigatoriedade do pagamento mínimo, o que derrubou de maneira modesta a taxa de juros que incide sobre os valores atrasados. Além disso, o Banco Central continua reduzindo a taxa básica de juros para que as instituições financeiras reduzam o custo do crédito e consigam repassar ao consumidor. É importante lembrar que a promoção da melhora do nível de educação financeira das famílias através de políticas públicas que visem este tipo de conhecimento ainda é bastante tímida no país, carecendo de uma atenção especial e maiores investimentos, principalmente da educação básica para se criar uma geração mais consciente.
Segundo a pesquisa, o estado de Pernambuco possui 326.070 mil famílias endividadas, queda mensal e anual de 12.526 e 389 lares, respectivamente. Já as famílias que possuem contas em atraso atingem os 28,7%, mostrando estabilidade em relação ao mês anterior e uma alta quando comparado com o mesmo mês do ano anterior (25,6%), em números corresponde a 145.380 domicílios nesta situação. Já a parcela mais crítica, que são as famílias que não têm condições de pagar as suas dívidas, mostrou uma melhora e atingiu os 15,1% do total, valor inferior a março de 2018 (16,4%) e abril de 2017 (16,6%). O Estado possui 76.774 lares em situação de inadimplência, que, apesar de alto, é o valor mais baixo desde novembro de 2015, quando o percentual foi de 14,6% (71.163 famílias). Vale destacar também que a maioria das contas possuem tempo de atraso de mais de 90 dias (44,1%), o que reflete um cenário de difícil recuperação para os credores.
Quando se analisa o resultado por tipo de dívida, verifica-se que o tipo mais apontando ainda é o cartão de crédito, atingindo 92,9%, com possibilidade de alta, visto que as políticas de juros mostram incentivo à elevação do acesso ao crédito. O uso do cartão é seguido pelo endividamento com carnês e outras dívidas, que representam 12,2% e 4,7%, respectivamente. Por fim, a pesquisa informa também que a maioria das famílias endividadas comprometem a renda com dívidas em um percentual que se encontra entre 11% e 50%.
Para o mês de maio se espera uma elevação no endividamento das famílias, isto porque o período tem a comemoração do Dia das Mães, que é a segunda data mais importante para o Varejo em volume de vendas, além de possuir um apelo emotivo elevado. Recente pesquisa do Instituto Fecomércio-PE, em parceria com o Sebrae Pernambuco, mostrou uma elevação na intenção de consumo da população da Região Metropolitana do Recife, sendo o cartão de crédito a principal forma de pagamento apontada pelos entrevistados. Os empresários estão bem mais otimistas que em anos anteriores e esperam uma elevação nas vendas de 11,3%. Desta forma, a elevação de confiança dos empresários e consumidores trará um ambiente propício à elevação do consumo e consequentemente alta no percentual de endividados.
Leave a Comment