A festividade do Carnaval Pernambucano em 2016 recebeu 1,7 milhões de visitantes e conseguiu movimentar em torno de 1,2 bilhões de reais, segundo projeção da Secretaria de Turismo. O órgão também informou que o gasto médio dos brasileiros foi de R$ 183,00 e que a ocupação hoteleira no estado alcançou 96,5% da rede. Vale destacar que o cenário no primeiro mês de 2016 apresentava uma inflação geral acumulada em 12 meses de 10,7%, a maior dos últimos anos. Para 2017 o IPCA fechou em 6,29% e a comemoração será no final do mês, dando mais tempo a população para se planejar, porém a celebração mesmo que no final de fevereiro é próxima a pagamentos de impostos como IPVA, IPTU, compras de material escolar, além de possíveis gastos parcelados do final do ano, criando assim uma restrição maior ao orçamento das famílias.
Diante dos itens que apresentam maior demanda durante o Reinado de Momo, conforme tabela abaixo, verifica-se que os itens no carnaval de 2016 se encontravam com preços mais elevados, o que gera menos incentivos para o consumo, porém para o ano de 2017 existe uma menor pressão nos valores de cada produto, com uma elevação de maneira geral de 5,6%, ante alta de 16,3% no ano anterior.
Mesmo com um quadro de preços com menor pressão, o crédito continua caro e mais restrito que em anos anteriores, a taxa de juros do cartão rotativo que alcançava 439,4% em janeiro de 2016 subiu para 484,6% em dezembro do mesmo ano, criando uma maior cautela em relação a utilização desta linha de crédito. O cartão de crédito por sinal, segundo Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) realizado pela CNC, é apontado por aproximadamente 93% dos endividados em Pernambuco como o principal tipo de dívida em janeiro de 2017.
É importante frisar que mesmo com o IPCA mostrando um cenário de preços melhor que no ano anterior, as condições do mercado de trabalho continuam mostrando deterioração e se encontram em situação bem mais crítica que no ano anterior. A taxa de desemprego em Pernambuco, segundo a última PNAD Trimestral divulgada para o estado, atingiu 15,3% no terceiro trimestre de 2016, valor bem superior aos 11,8% da taxa nacional no mesmo trimestre. A deterioração do mercado de trabalho pernambucano vem se dando de maneira mais rápida que a nacional, atingindo 614 mil pessoas, crescimento de 7,8% em relação ao segundo trimestre (569 mil) e de 31,1% quando comparado com igual trimestre de 2015 (468 mil). Vale destacar que em apenas três meses houve uma redução de aproximadamente 121 mil pessoas no contingente dos ocupados. O rendimento médio real recebido pelas pessoas ocupadas no terceiro trimestre para o estado foi de R$ 1.546,00 valor com queda de -2,2% quando comparado a igual trimestre de 2015. A massa de rendimento real habitual sofreu recuos de -8,6%, no comparativo anual. Já o mercado de trabalho formal para o estado, segundo dados do Caged/MTE, terminou o ano de 2016 com saldo negativo em torno de 50 mil empregos.
Outro importante fato com poder suficiente para puxar as vendas para baixo é a questão do aumento da violência no Estado. A alta dos crimes violentos letais e uma média de assaltos por mês considerada alta somado a uma operação padrão da Polícia Militar, que tenta pleitear a aprovação do plano de cargos e carreiras, pode retirar a população pernambucana das ruas e afastar a vinda de parte dos turistas, fazendo com que a fraca demanda recue ainda mais.
Desta forma, o consumidor ainda mostra elevada desconfiança em relação a melhora da conjuntura econômica, dando continuidade a um comportamento conservador, onde a população evita o consumo por medo de perder o emprego e ficar endividado. Este cenário deve apresentar uma força maior que a melhora da inflação, o que muito provavelmente impactará o desempenho das vendas no Carnaval de 2017.
Fonte: Instituto Fecomércio-PE
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