A Agenda do Comércio 2016, levantamento realizado pelo Instituto Fecomércio-PE em parceria com o Sebrae, apontou como estratégias dos empresários a capacitação e a inovação para se manter no mercado
O ano de 2015 foi um ano de grandes desafios para a todos os setores da economia brasileira. O varejo, em especial, sentiu os reflexos de uma crise econômica e política no País. A conjuntura para 2016 não muda muito, segundo especialistas. No entanto, estar preparado para enfrentar o momento e inovar são diferenciais para quem quer se manter no mercado. Pensando nisso, o Instituto Fecomércio-PE, em parceria com o Sebrae realizou na manhã desta quinta-feira (25/02), o Fórum de Debates: Cenários Econômicos para 2016. Durante o evento, foi lançada também a Agenda do Comércio 2016.
A Agenda do Comércio para 2016 traz uma análise do contexto econômico em relação ao desempenho do comércio e foi desenvolvida para contribuir no incremento do setor e identificar entraves para melhorar o desempenho do segmento. No documento, consta os pleitos e as ações dos empresários para enfrentar o momento, que servem também como base para os órgãos governamentais traçar planos para trazer melhorias ao setor.
A iniciativa mais apontada pelos empresários para enfrentar a crise econômica é a diminuição da carga tributária. Para 80% dos entrevistados deve haver uma mobilização contra o aumento dos tributos no Brasil. Outras ações como a redução de custos e qualificação para enfrentar a crise também foram colocadas em pauta. “O que chama atenção é que os empresários querem se capacitar para descobrir como aumentar suas vendas, ampliar negócios e mudar estratégias. Eles estão em busca desse conhecimento e não apenas esperando a crise passar”, disse a economista Tania Bacelar.
Para o presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac-PE, Josias Silva de Albuquerque, apesar do grande número de fechamento de empresas no Brasil e em Pernambuco, o empresariado é capaz de enfrentar a crise. Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), cerca de 100 mil empresas fecharam no País em 2015. “Os nossos empresários são teimosos mesmo em cenários de crise. Nós (Fecomércio-PE) estamos aqui para contribuir para o setor. A Agenda do Comércio é mais um serviço importante para o Comércio, que vai ajudar o empresário a ter um norte neste momento”, disse.
De acordo com Tania Bacelar, a economia pernambucana sentiu os reflexos não apenas da crise econômica e política brasileira, mas outros fatores como a queda de investimentos, a finalização da implantação de projetos de grande porte no Estado e o impacto negativo da Operação Lava-jato para a refinaria Abreu e Lima, além dos seus desdobramentos para os setores petroquímico e da indústria, colaboraram para o cenário atual.
Segundo o levantamento apontado na Agenda do Comércio 2016, os empresários pernambucanos esperam ainda que o governo controle a inflação, faça reformas efetivas nas áreas tributárias e previdenciária, aumente o crédito para o consumo e realize investimentos em saúde e em educação.
Panorama Nacional
A crise na economia brasileira se aprofundou ao longo de 2015 por causa de diversos fatores, entre eles, ao aumento da inflação, o descontrole fiscal, a alta do desemprego e consequentemente a diminuição do consumo das famílias brasileiras. Nesse contexto de processo recessivo, a produção anual de 2015 foi bem inferior a de 2014, ficando -3,7% menor que o ano anterior, segundo Boletim Focus, do Banco Central.
Segundo o economista Jorge Jatobá, a inflação continuará crescente nos próximos meses devido ao aumento dos impostos. “A alta da inflação traz um impacto negativo. Além disso, a alta do desemprego afeta diretamente o poder de compra das famílias. Somente em Pernambuco perdemos quase 90 mil postos de trabalho”, explicou.
Para o economista, a estabilização da economia só pode acontecer quando o governo restabelecer o controle fiscal, aumentar receitas e diminuir gastos. “Esse quadro político atual é difícil e criou uma nuvem de incertezas que atrapalha a tomada de decisões para ações efetivas e o aporte de investimentos”, disse.
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