O endividamento das famílias do Recife manteve estabilidade em novembro de 2025. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo com recorte para Recife feito pela Fecomércio-PE, 78,8% das famílias declararam possuir algum tipo de dívida. O resultado é semelhante ao de outubro (78,5%) e representa leve redução frente a novembro de 2024, quando o indicador havia alcançado 81,6%. Em números absolutos, cerca de 417 mil famílias encontram-se endividadas na capital.
O cartão de crédito segue como principal instrumento de comprometimento financeiro, citado por 90,7% dos entrevistados endividados. Carnês (24,8%) e financiamentos de carro (7,5%) aparecem em seguida. Entre as famílias com renda acima de dez salários mínimos, a incidência de financiamento de veículo atinge 38,8%, proporção bem acima da observada entre os lares de menor renda.
A inadimplência permanece estável: 26,9% do total de entrevistados possui contas em atraso, mesmo percentual registrado há um ano. O tempo médio de atraso alcançou 65 dias, com quase metade das famílias nessa condição acima de 90 dias.
O tempo total de comprometimento com dívidas confirma esse quadro: 33,5% das famílias relatam permanência nas obrigações entre seis meses e um ano, enquanto 27,3% permanecem endividadas há mais de um ano. A parcela da renda destinada ao pagamento de dívidas permanece elevada, com 62,6% das famílias comprometendo entre 11% e 50% do rendimento mensal.
Para o presidente da Fecomércio-PE, Bernardo Peixoto, o cenário ainda chama atenção no planejamento familiar. “O Recife convive com um nível de endividamento que permanece elevado. Mesmo com estabilidade no indicador, observamos resistência da inadimplência e aumento da parcela que não consegue pagar suas dívidas”.
O economista da Fecomércio-PE, Rafael Lima, avalia que o comportamento dos indicadores aponta para as condições de consumo ainda pressionadas: “O endividamento não avançou, mas cresce o número de famílias que já não enxergam como pagar o que devem. Muitas recorrem ao crédito para manter despesas do dia a dia, porém encontram dificuldade para reorganizar o orçamento e recuperar fôlego financeiro”.








